Produtores de feijão começam a investir em novas culturas

Projeções da Conab para a safra 2010/2011 é de redução das áreas de produçãoA área com produção de feijão deve diminuir em algumas regiões do Brasil, como é o caso do Estado de São Paulo. É o que mostram as projeções da Conab para a safra 2010/2011 divulgadas nesta semana. Muitos produtores preferiram plantar produtos como o milho e soja, porque o preço está melhor. No feijão, a boa produtividade deve compensar a menor área e garantir uma colheita maior.

Plantar feijão é uma tradição de pai pra filho em Sarapuí, São Paulo. Porém a tradição está quase ameaçada. Os produtores rurais Joaquim e José Eduardo Almeida começaram nesta semana o plantio de mais uma safra. A máquina vai fazer este trabalho em 30 hectares, metade da área que eles plantaram no ano passado.

? Devido a custo, mão de obra, preço que não colabora, nós temos que diminuir ano a ano ? relata José Eduardo.

Joaquim espera compensar na produtividade, para ele o ideal é 50 sacas por hectare, ou o dobro quando se fala em alqueires, o que daria mais ou menos 1500 quilos. No Brasil, a média hoje é de 960 quilos. Outra esperança dele é que o preço se mantenha bom. Hoje está em torno de R$ 100 a saca. 

? O feijão, se desse R$ 130 e produzisse 100 sacas por alqueire, não seria ruim ? diz.

Os agricultores fazem duas safras de feijão no ano. A da seca que começa em fevereiro e vai até maio e a das águas, de agosto até novembro. Eles não fazem a terceira safra, como em muitas outras regiões do Brasil porque o clima não favorece. Mas a situação deles, de redução de área, reflete bem a de muitos outros produtores.

Enquanto a área de plantio com feijão cresceu no país na safra 2010/2011, no Estado de São Paulo, por exemplo, houve redução. Na safra passada o feijão foi plantado em 3,6 milhões de hectares de lavouras no Brasil. Nesta, em quase 3,9 milhões. Crescimento de 7,5%. Em São Paulo, as lavouras ocupavam 180 mil hectares em 2010. Mas cederam quase 15 mil hectares para outras culturas.

? A gente tem que levar em conta que também em São Paulo, se você for analisar do ponto de vista econômico, as terras agricultáveis são caras e o produtor vai no que é certo. Na primeira safra nós tivemos o crescimento de área na região Sul, significativo, uma safra razoável. Houve um crescimento da produção, porém nós tivemos problemas de qualidade que afetaram os preços ? explica a analista de mercado Sandra Hetzel.

A analista observa ainda que, mesmo com diminuição da área de plantio em algumas áreas, como em SP, que é um dos grandes produtores do país, o volume não caiu. Pelo contrário a produção no Estado foi até 8% maior. O que acontece é que a produtividade melhorou no país inteiro. 

? O produtor está muito mais atento às novas tecnologias. A pesquisa evoluiu muito com novas variedades. Isto tem ajudado muito o feijão ? afirma Sandra.

Pelo levantamento da Conab o Brasil deve colher este ano 3,7 milhões de toneladas de feijão, 12% a mais do que na safra passada.