Votação do Código Florestal mobiliza os produtores do Paraná

Caso lei seja aprovada sem as mudanças, pode ocorrer queda na produção e na renda do EstadoNo Paraná, maior produtor de grãos do país, a votação do Código Florestal está mobilizando o setor. Este ano o Estado deverá colher mais de 31 milhões de toneladas nas safras de verão e de inverno. A preocupação é com a queda na produção e na renda, caso o Código seja aprovado sem as mudanças propostas por Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Em Cambé, no norte do Paraná, o produtor Onivaldo Dante planta 150 hectares com soja e milho no verão. Metade da área foi dividida em sete partes como herança após a morte do pai. Os cerca de dez hectares que cada filho recebeu estão dispensados da reserva legal. Na outra metade, que pertence à mãe do produtor, foi preciso separar 20% como reserva legal. A mata está averbada e legalizada, mas o produtor, que administra a propriedade junto com os irmãos, acredita que a lei é injusta e espera por mudanças.

? Isso representa muita perda no faturamento anual da família. Porque todos os produtores dependem exclusivamente da agricultura. Nós não temos outro ganho, vivemos basicamente disso. Precisamos do ganho que nós temos, e uma vez que o que temos é a terra, porque temos quer deixar de “mão beijada” para quem não sabemos? Simplesmente estamos deixando de lado 20%, e além do mais ainda temos que cuidar, não é mais nosso, mas temos que pagar imposto. Acho que não é certo isso. Está certo haver mudança no Código Florestal, alguma coisa tem que mudar ? afirma.

No Paraná 92% das propriedades têm até quatro módulos fiscais, que equivalem a 72 hectares. O agricultor familiar José Walter Fassula possui 65 hectares em Londrina e cultiva café e soja. O produtor já se adequou à lei e concorda com a preservação da mata ciliar, mas lembra que a exigência da reserva legal pode inviabilizar as pequenas propriedades.

? A reserva legal vai comprometer porque vou ser obrigado a separar 20% da minha área e isso vai diminuir minha área de produção de soja e de café. Isso vai dificultar, não só pra mim, mas pra todos os pequenos produtores. Porque num ponto, a maioria dos produtores da nossa região concordam com a mata ciliar, mas com a reserva fica difícil, porque em boa parte da área não teremos renda nenhuma. Os pequenos produtores vão ter que pagar o custo dessa conta, dessa reserva. Para nós isso seria uma injustiça ? ressalta.

O produtor rural, Antônio Perucci, cultiva junto com outros oito primos mais de 1.7 mil hectares de grãos no norte do Paraná. As matas ciliares estão formadas, mas ele está preocupado com a reserva legal. Para o agricultor, uma saída para não diminuir a lavoura poderia ser o plantio da reserva em novas áreas.

? O governo tinha que liberar para que a gente pudesse comprar uma área de mata pronta, mais longe e brecar onde está desmatando. Não fazer a gente plantar até formar essa mata, tirando área produtiva. A lei antiga deixou desmatar até na beira do rio, e agora vem com essa lei querendo formar a mata de novo em todo os 20%. É preocupante, porque quanto de produção vai cair pra gente e para o país? É preocupante sim ? afirma.