Minas Gerais produz muita soja, mas não consegue negociar

Estado comercializou apenas 40% da safra, mas preços pouco remuneradores impedem novos negócios

Henrique Bighetti, Planura (MG)
Em Minas Gerais, a colheita da soja já atingiu mais de 14% da área plantada de 1,4 milhão de hectares. O clima está favorecendo os trabalhos no campo, mas a venda do grão está mais lenta na comparação com a última temporada. Produtores esperam por preços melhores e até o momento menos de 40% da safra foi negociada.

Nesta safra, o clima colaborou e pensando no plantio da segunda safra de milho, os produtores anteciparam o plantio da soja de novembro, para outubro. O resultado é que a colheita no estado segue adiantada. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado aproximadamente 14% da área foi retirada, até o dia 20 de fevereiro. Na média histórica o estado não teria colhido nem 9% ainda. “Está começando mais cedo por que o nosso plantio também começou antes. No dia 10 de outubro, as máquinas já estavam nas lavouras. As chuvas anteciparam e propiciaram que o produtor plantasse mais cedo do que anos anteriores”, explica Thiago Fonseca, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais.

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Na fazenda de José Cusinato, localizada no município de Planura (MG), a colheita dos 150 hectares de soja terminam nesta semana e a produtividade média tem animado o agricultor. “Esse ano a produção tem se mostrado bem superior a do ano passado. A média na minha propriedade vai chegar até 60 sacas por hectare. Estamos esperando novos lotes que vão entrar para colher até o final de semana”, conta Cusinato.

Mas, nem tudo é otimismo, já que a comercialização de sua safra segue em ritmo lento. Até o momento Cusinato negociou 40% da produção esperada, justamente para travar pelo menos os custos. “Estava olhando agora pouco e a soja está 1028 pontos na Bolsa de Chicago. Mas, para mim preço bom seria entre 1150 a 1200. Já chegamos a ver esse mercado a 1600, mas creio que não será a realidade deste ano. Considerando a produção nacional e as perspectivas americanas, penso que se chegar a 1200 pontos por bushel eu fico satisfeito”, diz o produtor.

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O montante negociado pelo produtor é praticamente o mesmo no Estado, que segundo a consultoria Céleres chegou a 38%. Considerando a produção de 4,5 milhões de toneladas, foi negociado até agora 1,6 milhão de toneladas. No ano passado, no mesmo período mais de 50% já tinha sido negociado. “Notamos que o produtor está mais retraído e isso se deve principalmente a preços que não estão atraentes. Dois fatores explicam esses preços: um deles são as cotações em Chicago que estão em momento baixista e o outro é câmbio que esta abaixo dos R$3,10 e não estimula novas vendas”, explica o analista de mercado Enilson Nogueira.

Mas, é bom o produtor ficar atento. Segundo este analista a tendência é de preços baixos ao longo do ano. “Nós vemos cenário baixistas baseados na ótima produção nacional, acima dos 106 milhões de toneladas. No médio prazo nós temos notícias de aumento de plantio de área nos Estados Unidos para soja, o que tende a deixar as cotações baixas no segundo semestre também”, afirma o analista da Céleres.

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