Moratória da soja reduz drasticamente o desmatamento no Brasil. Saiba por quê

O resultado do pacto ambiental firmado em 2006 está melhor do que o esperado. Estudo de uma universidade dos Estados Unidos em parceria com a Embrapa comprovou isso

Daniel Popov, de São Paulo
Há muito tempo se fala sobre o impacto da agricultura predatória sobre as matas preservadas da Amazônia e como combatê-la. Pois bem, um mapeamento realizado pela Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, em parceria com a Embrapa mostrou que a solução já existe e está dando resultados superiores aos estimados inicialmente. O resultado é a diminuição dos desmatamentos na região.

O pacto ambiental selado em 2006 entre entidades que representam os produtores, ambientalistas e o governo brasileiro tinha, inicialmente, o prazo de dois anos, mas foi prorrogado algumas vezes até que se tornou ativo por tempo indeterminado, em 2016. A razão para isso foi que o desmatamento da Amazônia caiu 86% nos municípios alcançados pela Moratória, dado divulgado até o ano passado.

Agora, este mapeamento realizado com dados coletados entre 2001 e 2014, mostrou que houve uma queda de 2,4 vezes no cultivo da cultura em áreas recém-desflorestadas. A ocupação média caiu de 9,4% para 3,9% num período analisado de cinco anos antes e depois da moratória.

As análises mostram que o desmatamento histórico ocorrido em Mato Grosso foi reduzido em pelo menos 5X após a moratória. A pesquisa avaliou os mapas gerados permitiu identificar onde ocorreu a intensificação da agricultura. “Está se produzindo mais, mesmo sem grandes ganhos de área plantada. Os trabalhos intensivos em coleta de dados de campo, assim como os mapeamentos produzidos, demonstram esse fato numérica e espacialmente”, explica o pesquisador Júlio Esquerdo, da Embrapa Informática Agropecuária, um dos autores do estudo.

De acordo com o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 2001 e 2006, a taxa média anual de desflorestamento do estado foi de 1.028.779 hectares ao ano. Com o estabelecimento da moratória em 2006, restringindo a comercialização da soja, esse número passou para 180.694 hectares por ano.

Segundo o artigo, no período analisado de cinco anos antes da moratória, cerca de 14% das áreas desmatadas eram ocupadas por soja. Após a proibição, o índice caiu para 5,6%. “Com base em nossa análise, encontramos um declínio muito mais forte do desmatamento coincidente com a moratória da soja do que outros estudos relataram”, disse Jude H. Kastens, da Universidade de Kansas, outro autor do estudo. “O desmatamento ainda está acontecendo, mas desacelerou, e menos desta área está sendo usada para a produção de soja”, ressaltou o pesquisador.

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