Mulheres ganham espaço na produção de soja

Produtoras de Goiás mostram como é possível liderar em um ambiente tipicamente masculino

Manaíra Lacerda | Chapadão do Céu (GO)

As mulheres estão entrando cada vez mais no agronegócio, seja para a sucessão de uma propriedade, como entrar em um mercado de trabalho que antes era dominado por homens. Nós conhecemos três histórias em Chapadão do Céu, em Goiás, que mostram a participação feminina na produção rural.

Nascida e criada na capital de São Paulo, a jornalista Bruna Zapparoli trocou, há três anos, a cidade grande para morar no interior de Goiás. Ela trabalha com o pai na administração das fazendas da família. Aos 27 anos, ela não se arrepende por ter mudado de ramo depois de uma experiência profissional ruim. Atualmente ela está estudando gestão agroindustrial, para aprimorar seus conhecimentos na agropecuária.

– Eu vim para conhecer e tomar conta de um negócio que também é meu. É um meio muito masculino, só se vê homens trabalhando na fazenda. Às vezes, você quer tirar uma dúvida, o funcionário não quer te dar uma resposta clara porque você é mulher, filha do patrão, mas devagar isso vai mudando. A mulherada está dominando o mundo – comenta Bruna.

Bruna trocou a vida em São Paulo para tocar os negócios da família
Bruna trocou a vida em São Paulo para tocar os negócios da família

O pai dela, Luiz Renato Zapparoli, produz soja e algodão há mais de 15 anos. Ele conta que preparar os filhos para assumir as fazendas sempre foi uma preocupação. A estratégia utilizada para despertar o interessa da filha foi justamente não pressionar.

– Foi totalmente voluntária. Vendi uma oportunidade e ela aceitou. Você precisa ter habilidade, porque se fizer uma pressão grande, a pessoa vem com o espírito armado. Não tem que por pressão em cima de ninguém – conta Luiz.

Felizmente, o caso de Bruna não é exceção na região de Chapadão do Céu. Ver mulheres assumindo negócios da família é cada vez comum. A engenheira agrônoma Marina Cunha, de 24 anos, seguir a carreira e hoje cuida da parte administrativa da empresa de fertilizantes do pai.

– Apesar de ser um ambiente bastante masculino, a mulher está sendo cada vez mais respeitada. O homem está dando valor ao papel que nós temos dentro da empresa. Desafio sempre tem, mas acho que é um ramo que ainda vai crescer muito com a mulher – avalia Marina.

VT RN FILHAS SOJA 02
Marina acredita que os homens começam a aceitar mais o papel da mulher na produção rural

As mulheres são unânimes sobre a resistência que existe com a entrada do sexo feminino em um ambiente tipicamente masculino. Geralmente, o problema é resolvido sem grandes transtornos. Elas costumam usar a humildade como estratégia para quebrar essas barreiras.

Outro exemplo é Luiza Peixoto, de 28 anos. Ela se formou em agronomia há seis anos e logo assumiu as lavouras de soja da família. Porém, o começo não foi nada fácil.

– Eu aprendi com os funcionários, eles me ajudaram a entender mais a regulagem de máquinas, acompanhar quanto de adubo cai por linha, por exemplo. Por mais que eu tenha feito faculdade, eu não sabia tudo. Eu acho que, se você mostra interesse em aprender mais, o pessoal te aceita, criando uma relação mais harmônica entre proprietário e funcionários – explica Luiza.

Luiza aposta na humildade para aprender e liderar seus funcionários
Luiza aposta na humildade para aprender e liderar seus funcionários

Veja a reportagem:

>>> Veja mais notícias sobre soja