OMC pede que EUA reduzam subsídios concedidos ao setor agrícola

Organização diz que eles são tão consideráveis que podem distorcer preços internacionaisA Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu nesta quarta, dia 29, que os Estados Unidos reduzam seus subsídios agrícolas, dizendo que eles são tão "consideráveis" que podem distorcer os preços internacionais.

Em relatório no qual analisa as políticas norte-americanas desde 2007, a entidade disse que enquanto promove suas exportações, os EUA devem reduzir “medidas que promovem distorções, incluindo o suporte para a agricultura”. A OMC observou que o suporte dado ao setor sob a multibilionária Farm Act (Lei Agrícola) está “relacionado aos preços e/ou à produção” e que, por causa desse apoio, “produtores de cereais, oleaginosas e algodão estão efetivamente isolados das cotações de mercado, enquanto produtores de açúcar e lácteos são beneficiados por programas de suporte de preços”.

A OMC continua, dizendo que “a grande dimensão do setor agrícola nos EUA implica um volume considerável de subsídios, que variam de um ano para outro, dependendo dos preços. É uma política que pode afetar os preços internacionais”.

O Brasil também criticou os subsídios agrícolas dos Estados Unidos durante o mais recente exame que a OMC faz das políticas norte-americanas, realizado a cada dois anos.

? A agricultura representa apenas 0,8% do PIB dos EUA e emprega só 1,4% de sua força de trabalho ? disse Roberto Azevedo, enviado do Brasil à entidade.

? Apesar disso, esse setor se beneficia de um arsenal de medidas restritivas e que distorcem o mercado.

Azevedo apontou que a maior parte dos subsídios está concentrada em produtos como algodão, soja e arroz.

? Esses subsídios entram em ação justo em momentos de quedas de preços, o que provoca grandes distorções que prejudicam os produtores do resto do mundo ? afirmou o brasileiro.

Os subsídios dos EUA ao setor agrícola local são um dos principais pontos que travam as longas negociações da Rodada Doha da OMC para o estabelecimento de um novo acordo de comércio global. O Brasil, inclusive, venceu um painel na entidade contra os subsídios norte-americanos ao algodão. Mas o país concordou em não usar seu direito de retaliação e esperar por uma nova Farm Bill em 2012 para ver que modificações serão feitas na lei agrícola do país.