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Para manter competitividade, cooperativas pedem mais apoio do governo federal

Justificativa é que cooperados agregam mais valor ao que produzemPara continuarem competitivas no mercado, as cooperativas querem mais apoio do governo federal. Produtores cooperados agregam maior valor ao que produzem e têm mais garantia de vendas no mercado. E este diferencial, segundo o setor, deveria ser considerado.

Com menos de 50 hectares, e produtividade que não passa de 40 sacas, o produtor rural Urbano Lopes Neto diz que, mesmo sendo pequeno, pode se equiparar aos grandes. Neto exporta 80% do café que produz numa fazenda no interior de Minas.

– Eu já sou cooperado há um bom tempo, desde 1996. Para nós, que somos pequenos produtores, é uma grande vantagem você ser afiliado a uma cooperativa, pois agrega mais valor ao produto e facilita para as exportações – garante.

O podutor faz parte da Cooxupé, que tem 12 mil associados e negocia 5 milhões de sacas de café por safra. O superintendente de Mercado Interno e Internacional da cooperativa, Lúcio Dias, ressalta a importância do sistema e dos cooperados na hora de fechar negócios.

– Sem contar com o apoio da produção dessas mais de 5 milhões de sacas de café dos associados dificilmente conseguiríamos atuar tão fortemente no mercado internacional como estamos fazendo – avalia.

– As cooperativas têm exportado razoavelmente bem, mas poderia ser melhor se nós tivéssemos uma compreensão das políticas públicas mais adequadas para a forma de ser cooperativa – afirma o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.

No ano passado, as cooperativas brasileiras exportaram para mais de 140 países. Só a China gastou US$ 933 milhões com produtos daqui. Depois vieram os Estados Unidos, Emirados Árabes e Países Baixos como principais compradores. Vinte e um Estados brasileiros participaram destes negócios por meio de cooperativas. O Paraná ficou com a maior fatia, com 31% das vendas.

A empresa em que Paulo Rizzo trabalha exporta 100% do suco de laranja que produz. São 4,5 mil toneladas de suco concentrado, extraídas de 1,4 mil caixas da fruta a cada safra. Boa parte sai das plantações de produtores cooperados. A empresa de Paulo é uma das principais cooperativas do Paraná.

– Nós trabalhamos aqui para agregar valor, porque além do suco concentrado nós temos os subprodutos, como o óleo de laranja, o d-limoneno, que é um subproduto originário da casca e o bagaço. Tudo isso é comercializado – diz.

Uma boa quantidade da laranja processada pela cooperativa de Paulo sai da propriedade dos irmãos Sissuno e Luiz Itimura, vizinha da empresa, no município de Uraí, norte do Paraná. A colheita começou em junho e vai até fevereiro. Os irmãos estão animados com os resultados da safra até aqui. Eles acreditam que vão colher 60 mil caixas em 2014.

Para o próximo ano, a previsão é para produzir 40 mil caixas a mais. Além disso, a intenção dos irmãos é para plantar mais 15 mil pés de laranja. A previsão otimista só é possível porque eles são ligados a uma cooperativa. Eles costumam dizer aqui que, além de ter garantia de mercado, eles têm também agregação de valor ao que produzem.

Neto conta que a família só decidiu plantar laranjas numa região onde se destaca a produção de grãos porque teve incentivo da cooperativa. A relação com a empresa facilita a compra dos insumos e a venda das laranjas depois.

– Temos uma garantia de entrega dos nossos produtos, bem como também a garantia de receber. E também numa compra de insumos, a gente consegue comprar bem mais baratos, diminuindo nossos custos de produção – explica Sissuno.

No Plano de Ação aos Presidenciáveis, o documento elaborado por especialistas com as reivindicações do agronegócio ao novo governo, tem uma relação de propostas para o cooperativismo. Uma delas se refere à agregação de valor. O setor pede mais apoio e mais facilidades no acesso a mercados.

A Aurora Alimentos abate por dia 8 mil aves e 18 mil suínos. A cooperativa do Oeste de Santa Catarina tem 62 mil associados e uma receita anual de R$ 6 bilhões. É considerada a maior cooperativa produtora de alimentos do Brasil e referência mundial na tecnologia e processamento de carnes. Dos mais de 850 itens que são processados aqui, metade é industrializada, transformada em salsichas, presunto e embutidos. A industrialização, segundo o presidente Mario Lanznaster, agrega valor ao que os cooperados produzem.

– Você transforma grãos de milho em carne, você já está agregando valor. Esse é o primeiro passo. Aí vem os frangos para o mercado, vem os suínos para o mercado, que são industrializados, e aí sim você agrega o melhor valor possível na industrialização – diz Lanznaster.

Outro fator de agregação é o diferencial que as cooperativas tem em relação às outras empresas do mercado. Além do mix de produtos, elas têm a ferramenta do apelo sustentável e social muito fortes. Isso faz diferença para o consumidor, diz o presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, Daniel Baptistella. Mas precisa ser mostrado.

– As cooperativas têm presença significativa, têm marcas fortes, mas precisam constantemente fortalecer esse processo. É importante quando você enxerga o mercado consumidor final que você está atuando. Para isso você concorre também com empresas privadas, como a própria JBS, como a BRFoods, que têm investimento significativo. Você precisa investir também pra mostrar seus diferenciais – comenta.

O diferencial das cooperativas já é um bom motivo para o governo também investir mais no setor. Deveria ser, pelo menos, conclui o comandante de uma delas.

– A gente gostaria que o governo olhasse com mais atenção para as cooperativas que realmente trazem benefícios para seus associados. Nós não lidamos com capital, nós lidamos com pessoas. Por isso, a atenção do governo deveria ser bem maior, porque você envolve mais gente. Muitos países dão mais oportunidade para as cooperativas crescerem. Por quê? Porque cooperativa não é capital. O patrimônio da cooperativa é o associado, é o ser humano. Esse que é o patrimônio – afirma Mario.

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