Pecuaristas contestam declaração do ministro da Agricultura sobre abastecimento de milho no RS

Nota de Mendes Ribeiro Filho dava como resolvido problema de falta do cereal no EstadoUma nota distribuída nesta sexta, dia 28, pelo Ministério da Agricultura dando como resolvido o problema do abastecimento de milho no Rio Grande do Sul irritou criadores de aves e suínos do Estado. A notícia acompanhava a agenda do dia do ministro Mendes Ribeiro em Porto Alegre.

– Se existir outro Estado chamado Rio Grande do Sul, pode ser que lá esteja resolvido – diz o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger.

Ele argumenta que a remoção do cereal do Centro-Oeste para o Sul atendeu apenas em parte a alimentação animal.

– Isso atende o independente e é bom que esteja solucionado.

Freiberger acrescenta que o milho para a agroindústria ainda não chegou. Ele atribui ao baixo Valor de Escoamento de Produto (VEP) a dificuldade para que os gaúchos busquem o cereal no Centro-Oeste. No caso dos criadores de suínos, Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), comemora a previsão de chegada de 30 mil toneladas do cereal para venda a balcão em Santa Rosa, no noroeste do Estado, nos próximos dias.

Há ainda a promessa de remoção de mais 30 mil toneladas, também para a venda a balcão – neste caso, o cereal é destinado apenas a criadores independentes. Mesmo com as 60 mil toneladas a caminho, o abastecimento até o início da colheita da próxima safra gaúcha, em janeiro de 2013, só estará garantido se o governo deslocar outras 100 mil toneladas do grão, de acordo com Folador.

Danilo Benedetti, presidente da comissão de milho da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), aponta que até o momento o milho prometido dos estoques do governo ainda não chegou. Ele também demonstra preocupação com a geada desta semana, cujos efeitos ainda não foram mensurados, que pode comprometer o resultado do plantio de milho nesta primeira fase. Mesmo colhendo safra cheia, o Rio Grande do Sul é dependente do milho de outros Estados para garantir a alimentação de aves e suínos, mas a dependência aumentou neste ano, após a seca que levou a uma quebra de cerca de 40% da safra 2011/2012 do cereal no Estado. Procurada pela Agência Estado, a assessoria do ministério disse que apenas a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) falaria sobre o assunto.