Pesquisa da SNA aponta otimismo para o agronegócio em 2012

Sondagem mostra que 67% dos entrevistados acham que ano será melhor do que 2011A primeira Sondagem de Expectativas para o Agronegócio, divulgada nesta segunda, dia 30, pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), aponta otimismo do setor para o ano de 2012: 67% dos entrevistados acham que o ano será melhor do que 2011. A pesquisa foi feita há cerca de 10 dias com uma amostra de 100 pessoas ligadas à cadeia do agronegócio, sendo 55% produtores, 25% consultores e 20% fornecedores de insumos e distribuidores.

O diretor técnico da SNA, Fernando Pimentel, disse que a manutenção dos preços e as condições de clima favoráveis para a safra de verão justificam o otimismo.

— Salvo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o sul de Mato Grosso do Sul e o oeste do Paraná, basicamente o Brasil, de uma maneira geral, está produzindo muito bem. Vai ser uma safra muito boa, embora com redução de soja e milho — declarou. Ele ponderou, contudo, que os preços agrícolas estão se mantendo, permitindo que a renda no campo também se mantenha.

Pimentel lembrou que o governo federal sinalizou a possibilidade de estender alguns benefícios, como renegociação e alongamento de dívidas.

— Se você olhar no cômputo geral a safra brasileira, ela sinaliza um ambiente de otimismo, independentemente desses problemas de clima localizados. Mas, de maneira geral, os sinais são bem positivos.

A infraestrutura e a logística de transporte e a comercialização são os principais obstáculos para o desenvolvimento do setor nacional, de acordo com 97% dos consultados.

Um total de 71% dos representantes da cadeia do agronegócio brasileiro demonstrou preocupação também com o cenário internacional, em especial a Europa e China, para onde são destinados, respectivamente, 25% e 17% das exportações do setor nacional. Fernando Pimentel ressaltou que em função da crise mundial, poderá ocorrer problemas na oferta de recursos para a agricultura no Brasil, “principalmente nas linhas de financiamento à exportação”. Mas não será nada de grande envergadura porque as commodities agrícolas são essenciais, “principalmente as que o Brasil produz”.

Ele analisou que a crise vai afetar o ambiente de crédito e de consumo de bens de capital, “mas eu não vejo ninguém deixando de comer na Europa ou na China”. Pimentel destacou que mesmo na crise de 2008, o produtor brasileiro não sofreu reflexos negativos. Como a agricultura trata de bens essenciais, admitiu que poderá haver um pequeno recuo na curva de crescimento das exportações de alimentos brasileiros para a União Europeia ou China, mas assegurou que “não há como abrir mão dos insumos essenciais que o Brasil produz para a alimentação”.

Câmbio (80%), burocracia (82%) e juros (68%) também foram apontados na sondagem entre os obstáculos ao desenvolvimento do agronegócio, superando as tradicionais reclamações do setor, entre as quais falta de crédito e de apoio do governo. A pesquisa traz como novidade a crescente preocupação do setor com a falta de mão de obra qualificada, citada por 66% dos entrevistados.