Preço da soja atinge pior patamar para agosto desde 2014

A diferença dos preços atuais para os registrados no mesmo mês do ano passado chegam a 13% nos portos e 27% em municípios mais distantes

Daniel Popov, de São Paulo
Os preços da soja no mercado interno brasileiro estão queda, reflexo das cotações em baixa na Bolsa de Chicago e do câmbio desfavorável. O resultado disso é alarmante, desde 2014 o mês de agosto não via valores tão ruins, como os atuais, comenta o analista de mercado Flávio França Junior.

Neste mês de agosto a média de preços nos portos brasileiros está na casa de R$ 70 por saca, 4% a menos que os valores médio de julho e 13% menor que os R$ 80, de um ano atrás. “A combinação de cotações mais baixas em Chicago e câmbio desfavorável trouxe este cenário. No ano passado, em meados de julho, tivemos um pico histórico nos preços no mercado interno. De lá para cá os preços vieram abaixo e chegamos neste pior patamar, desde 2014, nos preços do mercado interno”, diz França Junior.

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Se os valores não parecem tão ruins assim, é bom lembrar que foram captados nos portos. Quando olhamos para alguns municípios mais distantes, os valores não remuneram adequadamente. Em Cascavel, no Paraná, o preço médio de agosto é de R$ 63 por saca. Em Passo Fundo (RS) a saca é vendida a R$ 66. Em Rondonópolis, em Mato Grosso, os valores médios de agosto variam na casa de R$ 58,6. No Mato Grosso do Sul a situação é a pior do país e a saca é comercializada a uma média de R$ 57, 27% a menos que o mesmo período do ano passado quando a saca chegava a R$ 78, na média.

O analista explica que a situação agora tende a piorar, já que as especulações sobre o clima nos Estados Unidos estão chegando ao fim e as lavouras estão estabilizando. “Com isso, a partir de agora, não vejo razões para novas altas em Chicago. Mesmo com estes problemas de produtividade na safra americana, que já sabemos, a área maior ainda garante uma produção recorde”, explica França Junior.

Quando perguntado sobre a situação dos produtores que ainda tem soja para vender, o analista se mostrou temeroso. “Quem ainda não vendeu o que tem, pode estar caminhando para um período ainda mais critico, pois passou o período de pico de preço em Chicago. Acredito que as chances de Chicago voltar a subir estão ficando menores. É preciso correr e tentar vender”, conta ele.

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