Preço de máquinas agrícolas não vai baixar, diz executivo da New Holland

Agricultura

Preço de máquinas agrícolas não vai baixar, diz executivo da New Holland

Balanço de vendas do setor no primeiro trimestre, divulgado nesta quarta-feira pela Anfavea, mostra estabilidade

Desde o início da pandemia, a indústria de máquinas agrícolas está experimentando aumentos nos preços finais devido à valorização do aço no mercado internacional, à crise de fornecimento de semicondutores, à desorganização das cadeias globais de suprimentos e à escassez de matérias-primas.

Executivos do setor relatam reajustes superiores a 10% no último ano, e não vislumbram uma redução no curto prazo.

Nesta quarta-feira (3), durante a Agrishow, o vice-presidente da New Holland para a América Latina, Eduardo Kerbauy, disse que os preços de máquinas agrícolas não devem baixar.

Segundo Kerbauy, embora a inflação no setor seja mais previsível, ela não é amena. “Os crescimentos de preços foram lineares nos últimos anos, diferentemente de fertilizantes, em que as variações são maiores devido à especulação. No caso de máquinas agrícolas, pesa mais a disponibilidade”, diz.

“Essa inflação veio para ficar. Seria leviano pensar que agora chegou o momento [de os preços] de máquinas baixarem”, complementa.

A opinião é compartilhada por Marco Rangel, presidente da FPT Industrial para a América Latina.

“A cadeia de fornecimento ainda não se recuperou e isso tem impacto nos preços. Não vislumbramos mudanças no curto e médio prazo”, afirma. A FPT fabrica motores automotivos e 25% de seus clientes são empresas do agronegócio.

‘Produtor ganha em economia e produtividade’

Ana Helena Andrade, diretora de Assuntos Governamentais da AGCO, ressalta que a alta nos preços, no entanto, é normal e que isso aconteceu com todas as indústrias, não apenas no Brasil, mas no mundo. E que o preço não impede o produtor de comprar.

“O agricultor vai ver o quanto ele vai ganhar com aquela máquina em produtividade e economia. Se o valor for vantajoso, ele vai comprar. Além disso, uma máquina de cinco anos atrás é totalmente diferente de uma máquina hoje, que tem muito mais tecnologia embarcada. Preço não é um fator impeditivo”, diz.

Venda de máquinas agrícolas permanece estável

Ainda nesta quarta-feira, também na Agrishow, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa montadoras de automóveis, caminhões e máquinas agrícolas, apresentou os resultados mensais das vendas de máquinas agrícolas no mês e no trimestre.

Nos três primeiros meses deste ano, a venda de tratores e colheitadeiras ficou estável em relação ao mesmo período de 2022: foram 14.145 em 2023, contra 14.128, um aumento de 0,1%.

No mês de março deste ano, foram comercializadas 6.207 máquinas agrícolas, um aumento de 32,4% na comparação com o mesmo mês de 2022.

Segundo o vice-presidente da Anfavea, Alexandre de Miranda, depois de um ano muito bom para o setor, 2023 tem demonstrado estabilidade, por enquanto.

“Ainda é cedo para dizer como será o ano. Em fevereiro, a Anfavea divulgou a previsão de uma queda de 3,5%, que possivelmente será revisada no meio do ano. Nos estandes aqui da feira tem muita gente que está vendendo o mesmo que no ano passado, o que indica que o mercado está bom. Em volume, provavelmente o resultado da Agrishow será melhor, mas não com o mesmo número de unidades vendidas”, afirma.

Plano Safra

Miranda defende a suplementação de recursos para linhas de crédito e diz que um novo Plano Safra robusto é essencial para o setor.

“Os produtores, especialmente os médios e os pequenos, precisam das linhas com recursos subsidiados para fazer investimentos e comprar. Neste momento, está comprando apenas aquele produtor que precisa mesmo”, diz.

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