Prejuízo com acidente em hidrovia supera R$ 12 milhões

Com a paralisação, pelo menos cem mil toneladas de soja deixarão de ser transportadas pela hidrovia até o dia 3 de abrilO diretor da Torque Navegação, Pedro Burin, afirmou os prejuízos causados pela interdição da hidrovia Tietê-Paraná serão bem maiores do que os R$ 12 milhões previstos inicialmente. A hidrovia foi interditada na última sexta, dia 22, quando um comboio da Mepla Navegação, carregado com 5,2 mil toneladas de soja, saiu da rota e bateu numa torre de linha de transmissão de energia instalada no rio Tietê, em Araçatuba (SP).

– Só nossa empresa deve ter um prejuízo bem maior que isso. Não sei dizer de quanto, mas sei que será bem maior que os R$ 12 milhões. A interrupção prejudica toda uma cadeia logística, que depende do sequenciamento do transporte não só por hidrovia, mas também por ferrovia e rodovia – afirmou Burin.

Por isso, segundo o diretor, a lista de prejuízos é extensa: paralisação da frota de embarcações e de terminais hidroviários e dos embarques e desembarques. Segundo ele, outro problema está nos atrasos em contratos assumidos com seus clientes, como a Cargill, Caramuru, Eldorado e outras empresas.

– Vai haver aplicação de multas pelo não cumprimento desses contratos – disse.
Segundo Burin, a Torque transporta 2,3 milhões de toneladas de mercadorias por ano, o equivalente a R$ 1,2 bilhão. Com o acidente, a empresa está com nove comboios parados na hidrovia, cinco deles carregados com 30 mil toneladas de mercadorias – 24 mil de soja e seis mil de madeira -, avaliadas em US$ 16 milhões.

– O grande problema está na escala, se for um caminhão parado é uma coisa, mas um comboio com seis mil toneladas é outra completamente diferente. Cada comboio transporta o mesmo volume de 200 carretas carregadas de soja. Teríamos então mais de 1,4 mil carretas paradas – diz Carlos Farias, diretor da Cooperativa do Pólo Hidroviário de Araçatuba.

Além da Torque, as empresas Louis Dreyfus Commoditie (DCL) e Mepla têm mais três comboios carregados de soja parado na hidrovia.

Com a paralisação, pelo menos cem mil toneladas de soja deixarão de ser transportadas pela hidrovia até o dia 3 de abril, quando ela deverá ser liberada pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), informou Casemiro Tércio de Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, órgão da Secretaria dos Transportes que administra a hidrovia em São Paulo. Mas, segundo Farias, o volume que deixará de ser transportado deverá ser maior que isso.

Um dos principais modais para o transporte da soja produzida no Centro-Oeste do país para o Porto de Santos (SP), a hidrovia foi responsável pelo transporte de seis milhões de toneladas de soja na safra passada. A expectativa para a safra atual é de sete milhões de toneladas.

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