Previsão é de chuva em excesso para colheita norte-americana

El Niño reduz chances de geadas precoces, mas chuva pode atrapalhar de forma localizada

Fonte: Luiz Carlos / Arquivo Pessoal

Neste ano, a safra norte-americana de grãos não teve as condições ideais do clima em função do El Niño. O fenômeno traz fatores positivos e negativos para as lavouras de todo o mundo, incluindo as dos Estados Unidos. Agora, o grande receio se volta para a hora da colheita, e os produtores temem o excesso de umidade. Por condições geográficas das planícies onde as lavouras são semeadas, um excesso de chuva poderia provocar alagamentos, justamente porque o terreno tem maior dificuldade de escoamento de água. No entanto, segundo a Somar Meteorologia, este risco é restrito a apenas algumas áreas. 

Em junho, o excesso de chuvas no cinturão de grãos do Meio-Oeste prejudicou um pouco a implantação da safra. Entre julho e agosto, a chuva também aconteceu e, neste caso, foi positiva, porque espantou um pouco o risco de estiagens regionalizadas, que são o grande problema para o produtor norte-americano. Uma falta de chuva poderia coincidir com uma das fases mais críticas do desenvolvimento da planta, que é a floração e enchimento dos grãos.

– Existe a previsão de chuva acima da média em algumas localidades, o que pode atrapalhar a colheita. No entanto, estas chuvas estão longe de provocar grandes estragos, como os produtores brasileiros estão esperando – explica Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar. 

Segundo ele, a expectativa é que com essas possíveis inundações, o preço dos grãos suba. O El Niño até pode contribuir para o excesso de chuva na hora da colheita, que é um fator negativo, por outro lado, o fenômeno diminui o risco de geadas precoces em estados mais ao norte do país, como é o caso de Wisconsin, Minnesota, Dakota do Sul e Dakota do Norte.

Para os Estados Unidos, a quinta, dia 4, será de tempo aberto e chuvas, apenas na forma de pancadas isoladas. No entanto, assim como ocorrerá no Brasil, as chuvas também voltarão para as principais regiões produtoras na semana que vem. Na segunda semana de setembro, há previsões de chuvas mais volumosas, frequentes, e com maior abrangência. Esse padrão deve persistir ao longo do mês. Problemas pontuais podem ocorrer, mas sem grandes impactos à produtividade e consequentemente à produção total de soja e milho norte-americana. 

– Mesmo com essas previsões de chuvas para os meses de setembro e outubro, a produção de grãos deverá bater recordes esse ano, principalmente de soja – finaliza Santos.