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Primeiros focos de ferrugem asiática surgem em Mato Grosso

Coordenador de Defesa Vegetal do Mapa no Estado falou com o Soja Brasil e comentou este e outros assuntos sobre sanidade na sojicultura

Rikardy Tooge | São Paulo (SP)

O Soja Brasil conversou com o coordenador de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra. Na última quarta, dia 24, Guerra alertou para os primeiros casos de ferrugem asiática nas lavouras do Estado. Segundo o levantamento feito, as cidades de Campo Verde, Campo Novo do Parecis e Sapezal já iniciam a safra 2014/2015 com os focos de ferrugem já estabelecidos.

• Leia o artigo: Adubação foliar na soja, sim ou não?

O especialista apontou também que as regiões médio-norte e sul de Mato Grosso estão entre as que podem ter problemas com o fungo. Guerra lembrou que o vazio sanitário foi bem feito no Estado, mas comentou que dois fatos que contribuíram para a doença surgir tão cedo. O primeiro é que não houve cuidado com as plantas guaxas (restos do grão que germinam espontaneamente) na beira de estradas e no perímetro urbano das propriedades; o segundo fator foi o aumento no cultivo de soja segunda safra, ou soja safrinha, nestas regiões.

– A safrinha propicia fungos mais resistentes aos fungicidas. O produtor fez aplicações durante a safra, fez aplicações na safrinha, o que sobrou nas plantas guaxas são os fungos menos sensíveis ao produto químico – explica Wanderlei Dias Guerra.

Coordenador de Defesa Vegetal do Mapa constatando a presença de ferrugem asiática em Sapezal (Wanderlei Dias Guerra/Arquivo Pessoal)
Coordenador de Defesa Vegetal do Mapa constatando a presença de ferrugem asiática em Sapezal (Wanderlei Dias Guerra/Arquivo Pessoal)

Para Guerra, o problema da soja segunda safra não é o tamanho da área cultivada, mas o fato destas lavouras serem foco para a doença se espalhar na hora do cultivo da safra principal.

– Eu faço um desafio para os produtores que cultivaram safrinha. Peço que eles calculem a produtividade da área em que foi cultivada a soja safrinha e que veja o quanto eles perdem – questiona.

O coordenador do Mapa orienta o produtor a arrancar imediatamente a planta guaxa infectada assim que a descobrirem. Segundo ele, não adianta apenas fazer aplicação de fungicida ou cortá-la, é necessário tirar da terra a planta inteira e a isolar da lavoura, já que a doença se espalha facilmente.

– Neste caso, o remédio é sumir com as plantas, arrancar e botar em um saco. Como ela é uma doença muito agressiva, um esporo se multiplica rapidamente e em proporções enormes – alerta.

O coordenador de Defesa Vegetal explica que muitos casos de plantas guaxas infectadas se devem, principalmente, pela falta de interesse da cadeia produtiva local em amenizar a doença. Entretanto, ele também cita municípios que receberam o alerta e conseguiram resolver a situação antes que aumentasse.

– Nós demos um alerta real sobre a ferrugem asiática. (Algumas cidades) Não demonstraram interesse, mas há municípios como Diamantina e Campos do Júlio que fizeram um trabalho excepcional – comenta.

Ataque da ferrugem asiática em uma folha encontrada por Guerra (Wanderlei Dias Guerra/Arquivo Pessoal)

Wanderlei Dias Guerra pede que os produtores busquem uma assistência técnica qualificada, pois ela será o diferencial para reduzir os custos de produção e conter os percalços de toda safra.

– A grande responsabilidade, tanto em perda quanto em ganho, é do técnico. O agrônomo precisa assumir seu papel e aprimorar a orientação. O produtor precisa contratar alguém de confiança – resume o especialista.

Questionado se o agricultor está gastando mais do que deveria com defensivos, o coordenador de Defesa Vegetal do Mapa concordou. Para Guerra, é preciso entender as pragas e fazer a rotação de princípios ativos. Com isso, o número de aplicações pode cair e, consequentemente, o custo de produção também diminui.

– Houve um aumento no custo de produção, sim. Principalmente com a manutenção de máquinas. Mas temos exemplos de produtores que economizaram uma, quase duas aplicações fazendo o monitoramento correto de pragas – explica.

Veja outros assuntos tratados

Fungicidas

Wanderlei Dias Guerra lembrou que hoje apenas cinco princípios ativos são capazes de conter a ferrugem asiática. Segundo ele, se os produtores fizerem aplicações em excesso, isso poderá comprometer toda a defesa vegetal da cultura de soja.

– As empresas não têm novas moléculas para colocar no mercado. Não temos mais opção, é fazer o manejo (de pragas) adequado – explica.

Pragas para esta safra

Perguntado se o percevejo e a falsa medideira serão os vilões desta safra, o coordenador do Mapa concordou e apontou mais dois problemas que deverão ser enfrentados pelos sojicultores.

– O percevejo marrom e a falsa medideira serão, sim, um problema. Tem também as plantas daninhas e os diversos nematoides, estes principalmente em áreas de safrinha – prevê.

Refúgio sanitário

Questionado sobre a demora na regulamentação do refúgio, que ainda não foi publicado e que só deve entrar em vigor no dia 10 de outubro, Guerra deu sua opinião e acha muito difícil ele ser praticado totalmente nesta safra, mas ele acredita que o debate em torno deste assunto conscientizou os produtores, e eles deverão fazer o refúgio por iniciativa própria.

– Demorou muito mesmo, mas felizmente o debate repercutiu e está havendo uma conscientização, tanto das empresas fabricantes quanto dos produtores – comenta.

Para encerrar, o coordenador de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura falou que as pragas estão cada vez mais universais e não podem mais ser ligadas apenas a uma cultura. Wanderlei Dias Guerra lembra que os inimigos são os mesmo, mas eles estão mais fortes e é necessária uma nova estratégia: monitoramento contínuo.

O coordenador do Mapa costuma alertar os produtores de Mato Grosso através de sua página no Facebook. Clique aqui e conheça.

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