Com nível recorde de produção no Brasil, o ciclo 2016/17 deve totalizar 111,8 milhões de toneladas de soja e 96,15 milhões de toneladas de milho, de acordo com cálculos atualizados da consultoria INTL FCStone. No mês anterior o grupo havia estimado 111,6 milhões de toneladas da oleaginosa e 93,3 milhões de toneladas de cereal.
Para a soja, destaca-se que nesta revisão foram realizados ajustes dos rendimentos em Goiás e em Mato Grosso do Sul, levando à produtividade média brasileira a 3,33 toneladas por hectare (contra 3,32 toneladas por hectare estimado em abril). Com esses resultados, os estoques da oleaginosa devem alcançar níveis confortáveis, de mais de 7,5 milhões de toneladas, diferentemente dos estoques restritos nos anos anteriores. “Esse balanço mais folgado ocorre mesmo com perspectivas de um consumo aquecido tanto no mercado interno, quanto para exportações”, explicou a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.
Já o aumento do milho foi puxado pela produtividade da ‘safrinha’ em Mato Grosso e no Paraná. Esses estados – que são os principais produtores – condicionaram aumento de quase 3 milhões de toneladas na estimativa de produção, alcançando 64,13 milhões de toneladas. A expectativa anterior estava em 61,28 milhões de toneladas. “As condições estão bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, que também foram beneficiadas pelo plantio da maior parte da safra dentro da janela ideal”, afirmou Ana Luiza.
Em relatório, a consultoria lembrou que o clima deve ser acompanhado em maio, já que o mês traz níveis de precipitação mais baixos, apesar de as chuvas recentes terem garantido boas reservas de umidade no solo na maior parte do Brasil.
Em relação ao balanço de oferta e demanda, destaca-se que esse aumento da produção total de milho para 96,15 milhões de toneladas possibilita que os estoques finalizem a safra acima de 20 milhões de toneladas. Pelo lado da demanda, o desempenho das exportações preocupa. Apesar de os embarques serem concentrados no segundo semestre, o produto brasileiro não está competitivo internacionalmente, mesmo com a queda considerável dos preços domésticos desde o início do ano, e as negociações estão lentas. A taxa de câmbio atual, com um real mais fortalecido, é o principal fator pesando na competitividade do produto brasileiro.