Produtores de Goiás cobram ação do estado para eficácia do vazio

Período de vazio sanitário vai de 1º de julho a 30 de setembro e deve ser cumprido por todos os produtores rurais

Manaíra Lacerda | Luziânia (GO); Edição: Caroline Kleinübing

Em pleno vazio sanitário da soja em Goiás, plantas voluntárias estão crescendo na beira da estrada. Os produtores cobram ação do governo estadual, já que, segundo eles, quando o descaso é do agricultor, a multa é pesada.

O vazio sanitário da soja começou no estado de Goiás, de 1º de julho a 30 de setembro os produtores estão proibidos de plantar a cultura e são responsáveis por dessecar todas as áreas que ainda tinham vestígios de soja viva. Quem não cumpre a regra pode ser penalizado por comprometer a sanidade da lavoura quando a próxima safra começar.

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O principal problema controlado pelo vazio é a ferrugem asiática. O agricultor Vilberto Vanazzi cumpre à risca o período e diz que em três anos observou uma redução de 70% nos focos da doença.

– Antes, em 2011, 2010, era aquela… Plantava soja e já estava com a ferrugem. Tem que ter bom senso. Não adianta eu fazer aqui na minha propriedade, se o meu vizinho não colabora. Então, nós temos que ter um bom senso de todo o pessoal, toda a comunidade em si, porque a ferrugem vai longe… 3, 4, 5 Km com o vento, então se o terceiro, quarto vizinho não fizer, e eu fizer, me prejudica do mesmo jeito – cobra o produtor.

O cumprimento das regras por parte dos produtores é fundamental para manter longe os riscos da ferrugem asiática, mas nada adianta se o mesmo cuidado não for tomado da porteira para fora. Em Luziânia (GO) tem planta de soja crescendo na beira da estrada em pleno vazio sanitário. Segundo os produtores, a situação acontece por causa de caminhões que transportam a safra e deixam derramar grãos pelo caminho.

– Não adianta eu fazer um investimento dentro da minha propriedade, sabendo que eu só piso pro lado de fora da propriedade e estão as ervas daninhas ali. A gente não sabe por onde começar. Você faz denúncia, faz isso, faz aquilo, mas ninguém resolve nada – desabafa Vanazzi.

O engenheiro agrônomo Assis Machado explica que quando o vazio não é cumprido, os custos com aplicações de agroquímicos na safra seguinte sobem:

– No momento em que nós tivermos a doença já instalada, os nossos produtos não são mais tão eficientes e nos obrigam a fazer várias aplicações e, mesmo assim, com queda de produtividade. Isso aqui é beira de estrada, já é controle que deveria ser feito por órgãos governamentais e nós precisamos chamar atenção que isso seja olhado, porque é feito todo o controle na propriedade, mas basta ficar umas faixas de planta viva pra você ter um inóculo pra expandir pra toda a região – diz Machado.

Outro lado

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa-GO) informou que não é responsável por limpar áreas públicas onde nascem plantas voluntárias de soja durante o vazio sanitário. O coordenador do programa de soja da entidade, Mário Sérgio Oliveira, reconheceu ao Canal Rural, por telefone, que o problema é grave, mas disse que não há como apontar culpados. Segundo ele, a recomendação é que os próprios produtores façam a limpeza dessas áreas.

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