Produtores de feijão do Paraná vêem mercado com cautela apesar da boa safra

Conab prevê colheita de 3,4 milhões de toneladas mesmo com redução de 20% na segunda safra de 2008A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma colheita de 3,4 milhões de toneladas de feijão para 2008, apesar da redução de 20% na segunda safra. Segundo a instituição, os bons preços estimulam o produtor a retomar parte da área com a cultura. Mas, no Paraná, maior produtor nacional do grão, os produtores estão vendo o mercado com cautela.

Em Mauá da Serra, no norte do Estado, 800 hectares de feijão dão lugar ao trigo no inverno. E esta deve ser a mesma área que vai receber o grão, novamente, no verão.

Segundo a Conab, a área com feijão deve aumentar em pelo menos 2% na próxima safra. Mas os produtores não parecem tão animados, pois a seca e os preços baixos do ano passado levaram a uma redução de 4% da área. E, mesmo com a saca sendo vendida a R$ 200 em média, no mês passado, no Paraná, o produtor diz que só aumenta a área se for com soja ou milho. O feijão, portanto, fica do mesmo tamanho.

O país está sem estoque e a qualidade do feijão que sobrou é ruim por conta da geada. Mesmo assim, o produtor Sérgio Komura irá manter os 240 hectares do último plantio. Ele diz ainda que os vizinhos também não vão se arriscar.

? A gente já tem experiência que o preço muda muito e feijão é uma cultura de risco. Com o custo de produção alto, é melhor investir na soja e no milho, que também estão remunerando bem ? afirma Komura.

Para os produtores, o mercado não está comprando de quem ainda tem o produto para forçar uma queda nos preços até a safra de verão, que começa em novembro. Trata-se de um ciclo que prejudica tanto o produtor quanto o consumidor.

? Hoje, os produtores aqui da região estão tecnificados, eles têm uma experiência com oscilação de preços, então o pessoal aqui é mais consciente ? explica o engenheiro agrícola da Cooperativa de Mauá da Serra, Gilberto Yano.