Produtores de tangerina do Rio Grande do Sul esperam safra de 60 mil toneladas

Expectativa é o dobro do colhido no ano passado quando a estiagem e as geadas fizeram os produtores amargarem muitos prejuízosOs fruticultores do Rio Grande do Sul estão otimistas com o início da colheita das primeiras variedades da tangerina, chamada de bergamota na região Sul. Em Montenegro, maior polo produtor do Estado, a expectativa é de uma safra de 60 mil toneladas da fruta, o dobro da colhida no ano passado, quando a estiagem e as geadas fizeram os produtores amargarem muitos prejuízos.

O produtor Pedro Wollmann dedica 31 hectares da propriedade à fruticultura. São 20 mil pés de tangerinas das espécies satsuma, ponkan e montenegrina. Este ano, cada pé deve render 1,5 caixa de frutas. O mesmo volume que era esperado em 2012, mas os problemas climáticos frustraram a expectativa dos produtores.

– Ano passado foi um ano muito atípico. Tivemos uma seca forte em abril seguida por uma geada muito forte, o que fez com que tivéssemos pouco sucesso na lavoura. Este ano, a precipitação é muito boa, e isso vai fazer com que os frutos que serão colhidos nesse sejam de qualidade superior – explica.

A colheita que está sendo feita agora é a da variedade japonesa satsuma. Em meados de abril até o mês de junho, começa a da ki, a mais tradicional. Os preços pagos ao produtor variam de acordo com o tipo de bergamota e com as condições da safra. 
– As frutas de cedo ficam de R$ 14 a R$ 16, e a fruta do tarde é melhor, entre R$ 18 e R$ 20, mas com custos de produção bem mais elevados.

Para que na próxima colheita a tangerina seja graúda e de qualidade, é preciso retirar 50% dos frutos ainda na fase inicial. A fruta que seria descartada acaba se tornando uma nova fonte de renda e um novo nicho de mercado.

– Tivemos nossa primeira oportunidade de fazer a exportação no ano passado. Hoje estamos colhendo já pra nossa segunda exportação de óleo essencial – conta o engenheiro agrônomo José Lotário Stoffel, da Associação Montenegrina de Fruticultores.

Em 2012, pela primeira vez, cargas da tangerina ainda verde foram embarcadas para França a um preço médio de R$ 4 a caixa com 26 quilos. A exportação desta variedade da fruta está em fase inicial e ainda não traz lucro, mas de acordo com o agrônomo é um segmento com potencial.

– De qualquer modo, esse trabalho tem que ser feito, e é um dos que exige mais mão de obra. Para essas variedades, ele paga a mão de obra. Talvez descobrindo os mercados, a gente venha a ter lucro da citricultura. Vai depender do mercado, de como está indo a Europa, nosso principal mercado. A crise atrapalha um pouco, mas se continua tendo mercado de óleo essencial – explica Stoffel.

Já faz quase dez anos que os fruticultores da região de Montenegro se associaram. A união fortaleceu a comercialização da fruta. A última conquista é o fornecimento da tangerina para a Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp).