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Projeto propõe pagar para produtor não abrir novas áreas com soja

Abiove diz que ideia ainda está sendo debatida junto a empresas e produtores rurais; viabilidade só será definida no próximo ano

colheitadeira despejando soja
Foto: Madson Maranhão/Governo do Tocantins

Durante o Congresso Nacional do Agronegócio, que aconteceu nesta segunda, 5, em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) André Nassar, falou sobre um projeto que pretende pagar ao produtor que quer expandir sua área de produção de soja, mas sem abrir novas áreas. Na teoria, ele receberia um valor para que pudesse arrendar áreas já abertas, facilitando assim a expansão da produção.

“Existem países que preferem comprar soja de desmatamento zero. Para estes casos estamos pensando em uma maneira de remunerar o produtor que mesmo legalmente não desmate e use esse recurso para bancar o arrendamento em uma área já existente”, comenta Nassar.

Além disso o projeto prevê criar uma estratégia de rastreabilidade, para separar o desmatamento legal do ilegal e oferecer um pagamento para o produtor que não abrir novas áreas, mesmo que legalmente.

“O projeto ainda está sendo debatido, já convidamos produtores para nos ajudar a desenhar isso. Então não temos mais detalhes. Isso não deve acontecer (se acontecer) para este ano. Temos que conscientizar muitos de que esta medida é boa para eles”, afirma.

Para o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz a ideia não é ruim, mas ela deve deixar claro que a medida não deve ser imposta aos produtores, mas sim, algo a mais dentro de todas as medidas já existentes. “Essa é uma questão de cada produtor, se ele quer fazer isso, o problema é dele, mas isso não pode ser motivo de imposição e nem de negociação para não comprar”, diz Braz.

Moratória do Cerrado

Nassar reiterou que a moratória da Amazônia, feita em 2006, partia de outro contexto e foi extremamente importante para garantir o mercado da soja em todo o mundo. Mas que a questão do Cerrado deveria ser abordada de outra maneira.

“No Cerrado nossa proposta é outra. Bloquear desmatamento ilegal e recompensar o produtor que pode abrir área e não o fizer, para que com isso ele possa expandir a produção em áreas já abertas”, diz.

Produtores recebem por reserva legal

Segundo o presidente da Abag, Marcello Brito, algo parecido com a proposta da Abiove já começa a ser implementado em Mato Grosso. Por lá, alguns produtores irão receber por manter suas reservas legais intactas.

“Vamos lançar um projeto, no segundo semestre, chamado “Projeto Conserva”, onde alguns produtores de soja Mato Grosso começam a receber pagamentos por serviços ambientais. Ainda é um piloto, mas os produtores receberão de US$ 70 até US$ 120 por hectare para manter aquela reserva legal que hoje ele já possui”, diz Britto.

Para ele essa medida visa justamente premiar e auxiliar os produtores na tarefa de manter suas reservas. “Não conheço nenhum produtor que seja a favor de desmatamento ilegal, todos são contra”, finaliza.

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