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Fernanda Farias, repórter da Expedição Soja Brasil

Inícios são desafiadores. E foi assim o primeiro fim de semana da expedição. Ao meu lado no vôo de Brasília a Cuiabá, meu colega motorista com quem convivo diariamente. “Tô nervoso, tô com medo”, admitiu – balançando a perna, esfregando as mãos uma na outra e sem perceber que o suor na testa era nítido. Marcelino, cearense de 38 anos, auto-intitulado Marcelão do Novo Gama (onde mora), viajava pela primeira vez de avião. Depois de folhear a revista inúmeras vezes sem enxergar o que estava vendo, finalmente se acalmou, e até um cochilo aconteceu. Mas logo lembrou onde estava. “Mil vezes uma estrada!”

Motorista Marcelino Ferreira no ambiente preferido: a estrada (Fernanda Farias/Soja Brasil)
Marcelino Ferreira no ambiente preferido: a estrada (Fernanda Farias/Soja Brasil)

De fato, o trajeto de 700km até Campos de Júlio foi mais tranquilo que o vôo. Mesmo com trechos de asfalto esburacado e sem acostamento. Mérito do Marcelão, que parece realmente pertencer à estrada. E também do Pedro, o Cinegra responsável por nos integrar à região e aos costumes. Enquanto exibe a playlist sertaneja (que decorei depois de 8h), Pedro alerta: “o pessoal é desconfiado, não gosta muito de dar entrevistas”. Na primeira fazenda que paramos, a prova – nada de convencer o gerente a falar. Ok, entendi, vai ser mais difícil do que imaginei…

Pedro Silvestre é o cinegrafista, guia local e conhecedor da música sertaneja (Fernanda Farias/Soja Brasil)

Mas difícil mesmo foi a tentativa de registrar a cobrança de pedágio por índios na MT-235. Só passamos após pagar 20 reais – a taxa estipulada para carros, já que carretas pagam 50 e motos, 10. Enquanto observa, desconfiado,  se estamos gravando e entrega um recibo, o índio conta que passam 250 veículos por dia, em media. Calculamos rapidamente que um dia de pedágio pode render entre 7 e 10 mil reais. “Pra onde vai o dinheiro?”, pergunto ao senhor. “Ajuda a comunidade”. Deve ser, porque a estrada precisa de muitos reparos.

A cobrança é ilegal, mas há tratativas de regularizá-la. Ela acontece porque a estrada passa pela reserva Itiairiti (homem sábio). Paramos em um ponto da reserva para conhecer o rio “mais cristalino que existe”, segundo o nosso “guia”. Pedro conta que a água é medicinal. Não precisa de mais desculpas pra tirar o tênis e passar alguns minutos dentro da água. Uma boa energizada pra seguir na estrada pelos próximos 5 meses.

Uma parada para restabelecer as energias para cinco meses de muito trabalho (Fernanda Farias/Soja Brasil)
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