NOVAS FRONTEIRAS

Capital Nacional do Morango abre as portas para a soja

Produtores de Atibaia, em São Paulo, são beneficiados com clima favorável e proximidade com o Porto de Santos para escoar a produção

soja morango Atibaia - VT Soja Brasil
Foto: Envato/ Montagem Canal Rural

Reconhecido pela produção de cana-de-açúcar, café e laranja, o estado de São Paulo vem abrindo as portas para outras culturas. E essa diversidade é refletida nas exportações.

Em 2023, o complexo soja figurou na vice-liderança em receita entre os produtos agropecuários do estado, com 3,64 bilhões de dólares. A produção da oleaginosa tem sido feita onde menos se espera.

Capital do morango também cultiva soja

Tradicionalmente conhecida como a Capital Nacional do Morango, Atibaia vem cedendo lugar às flores, mas a soja também pede passagem. Isso porque o clima beneficia, e muito, a cultura, e a proximidade com o Porto de Santos tem ajudado os produtores.

“Estamos falando de 130 km, então a logística já fica muito mais barata para deslocar a carreta. Nosso silo, onde fazemos o armazenamento, é a 30 km. Isso barateia muito o custo, porque já temos uma redução muito grande com o gasto com diesel e todos os afins da transportadora”, conta o produtor rural Fábio Infantozzi.

Mudança de vida e novos desafios

Com formação militar, na década de 1980, Infantozzi se viu obrigado a trocar a farda pela terra quando o pai morreu e os irmãos deram a ele a responsabilidade de cuidar da Fazenda Santa Emília.

Hoje, ele cultiva soja em uma área de 400 hectares, obtendo média produtiva de 80 sacas. Porém, na safra passada, uma doença causou prejuízos de 30% na produção.

“A incidência do mofo-branco foi altíssima. Esse ano, retardando o plantio, estamos conseguindo pulverizar regularmente. Vamos ver os resultados que, com certeza, vão ser melhores do que no ano passado. Graças a Deus não temos incidência de ferrugem ou qualquer outra praga que possa afetar a soja”.

Custos de produção

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Foto: Pixabay/montagem

A redução dos custos de produção da soja nesta temporada 2023/24 também é outro elemento que anima o produtor paulista, apesar de o preço pago pela saca ter caído drasticamente. Por enquanto, Infantozzi vendeu 30% da safra futura a uma média de 130 reais a saca.

“Em relação ao ano passado, a gente teve uma baixa muito boa no adubo, que é o grande consumidor da verba de plantio; em segundo vem a semente e depois os herbicidas. Este ano o custo está chegando à metade do que foi no ano passado. Em compensação, a gente tem uma soja muito mais barata, a 130 reais a saca, quando no ano passado a média girou entre 170 e 180 reais”.

Produção de soja em São Paulo

Nas últimas dez safras, a produção de soja em São Paulo aumentou 140%. De acordo com o presidente da Aprosoja-SP, Azael Pizzolato Neto, a safra 2022/23 foi muito positiva.

“Produzimos muito bem, batemos recorde e ultrapassamos as 4,5 milhões de toneladas em mais de 1,2 milhão de hectares. O ano de 2023 em si foi muito bom para a agricultura paulista. Tivemos chuva em praticamente o ano todo”.

Agora, no entanto, estima-se uma queda de quase 5% na produção deste ciclo em comparação à temporada anterior por conta dos efeitos do El Niño.

“Hoje podemos dizer que o estado de São Paulo está, sem exceções, com níveis de temperatura muito elevadas e baixo índice pluviométrico”, conta o presidente da entidade paulista.