REIVINDICAÇÃO DO SETOR

Mapa adota regionalização da semeadura da soja no Paraná

Ministério atendeu parcialmente a solicitação da Federação da Agricultura do Estado Paraná (Faep). No entanto, entidade ainda pede mudanças

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Foto: Divulgação Ihara

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, nesta sexta-feira (15), a Portaria 886, que regionaliza a semeadura da soja no Paraná.

A mudança ocorre após pedido da Federação da Agricultura do Estado Paraná (Faep) que apresentou argumentos contrários à Portaria 840, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, que alterou o calendário de plantio para a safra 2023/24, encurtando a janela para 100 dias.

No caso do Paraná, os produtores poderiam semear as lavouras apenas entre 11 de setembro e 19 de dezembro. Além da Faep, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) também solicitaram a volta do calendário com 140 dias.

Com o calendário regionalizado, a semeadura da soja no Paraná vai estar dividida em três regiões, com calendários específicos, com períodos de 100 a 120 dias contínuos para que os produtores rurais possam realizar o plantio (confira o mapa e a tabela de municípios abaixo). As regiões 1 e 3 terão 120 dias para o plantio, enquanto a região 2 segue com 100 dias.

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“Milhares de produtores prejudicados”

“A FAEP pediu a volta dos 140 dias para a semeadura da soja, período que entendemos ideal, mas, infelizmente, não foi atendida. Ao invés de reestabelecer os 140 dias, o Mapa optou por regionalizar, sendo que um grupo de municípios segue com 100 dias, prejudicando milhares de produtores rurais do Paraná”, destaca o presidente do Sistema Faep/Senar-PR, Ágide Meneguette.

Segundo ele, a mudança drástica no calendário, faltando pouco tempo para o início do plantio, causa severos problemas, “pois os produtores já se planejaram de outra forma. A FAEP continua monitorando a situação e insistindo para que os 140 dias voltem na safra 2024/25”.

Os critérios para a divisão do Paraná em três regiões tiveram como base a regionalização dos testes de Valor de Cultivo e Uso para a indicação de cultivares de soja, da Embrapa Soja, consolidada na Instrução Normativa 1, do Mapa, publicada no dia 2 de novembro de 2012.

Essa legislação divide os municípios brasileiros em regiões edafoclimáticas e macrorregiões sojícolas homogêneas.

Relembre o caso

Em 7 de julho de 2023, a Portaria 840, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, alterou o calendário de plantio para a safra 2023/24, encurtando a janela para 100 dias. Segundo o Mapa, o calendário foi encurtado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário da soja, na tentativa de reduzir a disseminação da ferrugem asiática, uma das mais severas doenças que atacam as lavouras da oleaginosa.

O Ministério também apontou que as janelas de semeadura foram definidas a partir da análise de dados do Consórcio Antiferrugem, que detectou o aumento expressivo de casos da doença, conforme relatórios da Embrapa.

No ofício enviado ao Mapa no dia 12 de julho, a Faep ressaltou que o aumento dos casos de ferrugem deve ser analisado em perspectiva, dentro de um período mais abrangente, principalmente porque a safra 2021/22 foi atípica:

  • Naquele ciclo, o Paraná enfrentou uma seca extrema, cenário que fez com que os casos de ferrugem caíssem ao menor patamar já registrado no estado. Com a queda dos números em decorrência de fatores climáticos, era esperado que os casos voltassem a subir.