Agricultores do estado tentam há anos a liberação do crédito, mas os bancos não liberam o financiamento
Marcelo Lara | Pedro Afonso (TO)
Apesar do anuncio da liberação de R$ 10 bilhões para o pré-custeio, muitos produtores do Tocantins não têm acesso ao financiamento para antecipar a compra de insumos. Na região de Pedro Afonso, os agricultores reclamam da falta de preparo dos agentes financeiros.
O agricultor João Damaceno de Sá Filho é um exemplo. Ele produz soja desde 1992. Em mais de 20 anos, ele nunca conseguiu acessar o crédito de pré-custeio para comprar insumos.
– Quando nós começamos, meu irmão morava em Goiás e nos trouxe a informação de que os bancos ofereciam pré-custeio, mas nunca conseguimos. Isso faz falta, principalmente em momento iguais ao ano passado, quando o dólar subiu bastante – afirma.
Em Pedro Afonso, no centro-norte do Tocantins, os sojicultores reclamam por nunca conseguir acesso ao financiamento de começo de ano. A região é responsável pela produção de 450 mil toneladas de soja. O presidente do Sindicato Rural do município, Edmar Correa de Oliveira, critica o despreparo dos profissionais dos bancos.
– Vejo gente procurando aqui, mas nunca vejo ninguém conseguir [o pré-custeio]. As agências precisam reciclar o pessoal que trabalha na carteira agrícola – critica Oliveira.
O produtor Joni Sergio Rietjens chegou a preparar o projeto e encaminhar ao banco, mas ele não conseguiu a liberação do crédito para implantar a lavoura no Vale do Araguaia, mesmo com o banco avisando que o pré-custeio está disponível. Rietjens já fez as cotações de insumos e já sentiu um aumento entre 25% e 30% nos custos.
– As agência já estão avisando desde o primeiro dia, mas agora a gente não sabe se vai ter – afirma.
O pré-custeio foi um dos temas do último dia de campo no Tocantins, oferecido pela Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-TO) e o Projeto Soja Brasil. Na fazenda Brejinho, em Pedro Afonso, os produtores buscam apoio das lideranças para melhorar o acesso ao crédito.
– O fortalecimento da nossa Aprosoja, os sindicatos rurais e a própria cooperativa se mobilizando para que haja um convencimento dos agentes financeiros em oferecer acesso a esta ferramenta – pede o presidente da cooperativa Coapa, Ricardo Khouri.
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