PREOCUPAÇÕES

Setor de sementes contabiliza perdas por pirataria e enchentes no RS

Rio Grande do Sul é o terceiro em área de sementes, representando 14% do território total para produção

Foz do Iguaçu, no Paraná, é sede do 3º Encontro Nacional de Produtores de Sementes de Soja (Enssoja). O evento organizado pela Associação Brasileira de Sementes de Soja (Abrass) reúne cerca de 300 representantes do setor.

De acordo com o presidente da entidade, Gladir Tomazelli, o evento destaca a necessidade de valorizar as sementes de genética moderna com biotecnologia.

“O valor de uma semente de soja de alto padrão não pode ser confundido com o valor de uma semente salva ou pirata. Isso é uma desvalorização do negócio, uma perda no valor direto no negócio de sementes e indireto na produção, na produtividade. Quem perde é quem planta”.

Mercado de sementes

No ciclo 22/23, o mercado total da cadeia de sementes de soja produziu 55,3 milhões de sacas de 40 kg, e movimentou 33,6 bilhões de reais para o setor. No entanto, um dos grandes desafios do segmento é o mercado pirata, que gerou em 2023 prejuízos que chegaram 2,44 bilhões de reais.

“Tem um prejuízo pelo não pagamento de royalties, então as empresas que fazem o desenvolvimento do material não são remuneradas. Tem uma perda de imposto também. Como o produto não tem garantia de qualidade e procedência, qualquer tipo de problema ele [o produtor] não vai ser ressarcido”, ressalta Tomazelli.

Cobrança de royalties

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, lembra que a bancada incluiu no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) uma emenda para dedutibilidade de imposto nos royalties de sementes.

“Com isso, nós proporcionamos aos produtores de sementes 10 bilhões a menos de cobrança, com números de 2021. Então é um resultado extremamente positivo e importante para a competitividade do setor”, avalia.

Mercado de multiplicadores

Já o avanço na pesquisa em melhoramento genético, tecnologia de ponta, em sementes de alto padrão tem econtrado cada vez mais apelo no mercado de multiplicadores.

“É um momento em que vários elos da cadeia discutem os pontos de melhoria com intenção em comum de levar mais produtividade para o campo. Realmente a semente salva também é um ponto que a gente discute muito aqui porque vemos uma perda de oportunidade muito grande, inclusive para o agricultor que está utilizando a semente”, diz o líder de negócios da GDM, Julio César Poletto.

Impactos com a tragédia do RS

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Foto: Lauri Alves/Secom-RS

O cenário da produção agrícola para os próximos anos e a previsão de redução de área de cultivo, especialmente depois das catástrofes no Rio Grande do Sul, preocupa o setor.

O estado é o terceiro em área de sementes, representando 14% do território total para produção, que é de 3,329 milhões de hectares. Assim, a curto e médio prazo, o setor também pode sofrer impactos na oferta do insumo.

O CEO da Agroconsult, André Pessoa, lembra que os dois últimos anos foram de produtividade baixa no estado por problemas de seca. “Agora esse problema muito sério das enchentes que traz uma consequência de infraestrutura de capacidade de plantio, de acesso a insumos no próximo ano, com dificuldades financeiras e mais uma sinalização de que o ano que vem tem La Niña de novo”, diz.

Por fim, o presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas, Romildo Birelo, afirma que em termos de volume total disponível, já é observado um impacto.

“Talvez esse impacto não seja tão grande quando a gente analisa o número geral, mas quando se começa a partir para cultivares específicas, grupos de maturação mais precoces, médios tardios, acredito que teremos um impacto de oferta no mercado”.