Soja Brasil

Evento da Embrapa Soja discute o futuro da oleaginosa

Pesquisadores divulgaram na ocasião o lançamento de Circular Técnica sobre a eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática

Diante dos desafios para o adequado manejo das doenças da soja (doenças de final de ciclo, mancha-alvo e oídio, mofo-branco e ferrugem-asiática da soja) um painel dedicado a este tema abriu a programação do CBSoja GoLive (plataforma on-line da Embrapa Soja) no último dia 26.

Desde 2003, a Rede de Avaliação de Fungicidas para Controle de Doenças na Cultura da Soja conduz ensaios cooperativos durante a safra de soja para gerar informação que contribuam com a tomada de decisão de técnicos e produtores interessados no manejo das doenças.

Na safra 2020/2021, 18 instituições de pesquisa públicas e privadas avaliaram, por exemplo, os fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, a mais severa doença do grão. O objetivo da rede foi avaliar a eficiência dos fungicidas registrados, novos fungicidas que estão em fase de registro e as combinações de fungicidas registrados com multissítios em diferentes regiões produtoras (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia).

Circular Técnica Embrapa

O resultado acaba de ser publicado na Circular Técnica 174: Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2020/2021: Resultados sumarizados dos ensaios cooperativos, que em breve estará disponível para download, no menu publicações do site da Embrapa Soja.

De acordo com a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, os resultados da Rede são relevantes para a continuidade dos trabalhos de pesquisa e extensão rural, assim como apresentar informações que possam auxiliar técnicos e produtores na tomada de decisão mais eficiente para o manejo da doença. “Os experimentos de ferrugem-asiática são realizados nas semeaduras tardias, a partir de novembro, para garantir a presença da doença, mas essa não é a situação de muitas lavouras no Brasil que têm apresentado escape da doença ou incidência tardia pela época de semeadura. Os resultados devem ser adequados à época de semeadura e situação da região, priorizando sempre a rotação de fungicidas”, explica Godoy.

Temas discutidos

O pesquisador da Embrapa Soja e membro da comissão organizadora do CBSoja GoLive, Fernando Henning, explica os conteúdos discutidos no evento. “Foram trazidas para pauta grandes temáticas, como o controle de doenças na soja, fruto de ensaios de rede que temos grande orgulho de fazer parte ao longo de uma série histórica, onde foram discutidos controle de mancha alvo, ferrugem, controle químico e biológico de mofo branco e também as doenças de final de ciclo”, explica.

Segundo ele, ficou claro para todos os que estavam assistindo que essas doenças realmente preocupam o produtor. “Então ter a chance de trazer para todo esse público que está diretamente ligado à cadeia de produção de soja é muito gratificante. É uma maneira que temos de trazer informações novas e que estão com grande aplicabilidade ao homem do campo”, completa.

A questão da classificação do grão, uma tendência do futuro no setor, também tomou boa parte das discussões do evento. “Essa é uma grande bandeira da Embrapa Soja, onde temos muita preocupação com a qualidade do grão da soja. Estamos vivendo um momento de mudanças e, provavelmente em um futuro não muito distante, estaremos segregando soja por qualidade, então é importante que o setor como um todo, produtores, técnicos, pesquisadores e até futuros profissionais escutem quais são as dores, os grandes gargalos dessa questão, não só pensando em termos de condução de lavoura de soja no campo, mas também no ambiente de armazenagem, que é onde temos vários desafios para vencer”, destaca.

Henning ainda pondera sobre a possibilidade de novo recorde na produção da oleaginosa. De acordo com ele, o fenômeno La Niña exige especial atenção, ainda mais se tratando de um grão que demanda tanta água, como a soja. “Temos que pensar em como manejar nossas lavouras para sentir esses efeitos o mínimo possível”, lembra.

Manejo da doença

A ferrugem-asiática da soja é uma das doenças mais severas que incide na cultura da soja, com danos variando de 10% a 90%. As estratégias de manejo recomendadas no Brasil para essa doença incluem:

  • O vazio sanitário (ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do fungo).
  • A utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época, recomendada como estratégia de escape da doença
  • Uso de cultivares com genes de resistência
  • Monitoramento da lavoura desde o seu início de desenvolvimento
  • A utilização de fungicidas preventivamente ou no aparecimento dos sintomas
  • Redução das janelas de semeaduras para reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e, com isso, tentar atrasar a seleção de populações do fungo resistentes ou menos sensíveis aos fungicidas.