Trinta anos após a substituição de muitos cafezais pelas seringueiras em propriedades do interior de São Paulo, o Estado possui cerca de quatro mil produtores, responsáveis por 59% da produção nacional.
O produtor rural João Carlos Lourenço plantou a primeira muda em 1980.
— Fui chamado de louco. Eu iniciei o plantio com 10 mil pés — lembra.
Hoje, Lourenço tem 150 mil pés em quase 300 hectares. A produção não para durante 11 meses e é toda destinada para a indústria de pneus. O produtor recebe o pagamento por semana e até novembro vendia o quilo por quase R$ 4,00. Em dezembro o preço caiu em média R$ 2,80.
— A queda já era esperada. Este preço (de R$ 4) não era normal. R$ 2,80 é um preço razoável. É bem melhor manter este preço do que ir uma hora para R$ 4,00 outra para R$ 1,00 — afirma o produtor.
Consequência da crise financeira na Europa, a queda no preço não preocupa o presidente da Associação Paulista dos Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor). Segundo o presidente da entidade, Heiko Rossmann, o mercado continua rentável para o produtor.
— É até engraçado falar em queda de preço. Sim, houve uma queda agora em dezembro para a usina e, consequentemente, para o produtor. Mas se você analisar historicamente, o preço ainda é muito bom — comenta Rossmann.
A produção brasileira em 2011 foi de 135 mil toneladas, quantidade insuficiente para atender a demanda interna. O consumo foi de 385 mil toneladas. Para a importação da borracha foi gasto no ano o valor recorde de US$ 1 bilhão. A Tailândia foi o principal fornecedor do material. A previsão é de que em 2020 a produção brasileira alcance 200 mil toneladas e o consumo atinja 600 mil toneladas
— Desde 2005 para cá foi plantada, mais ou menos, a mesma área que havia sido plantada em 30 anos. Com isso, o Estado de São Paulo vai aumentar muito sua participação em termos de produção nacional — diz Rossmann.