Aproveitando a valorização do real frente ao dólar e o preço das commodities, muitos produtores já compraram boa parte dos fertilizantes que pretendem usar na safra de verão. A relação de troca também melhorou: se antes era preciso 20 sacas de soja para comprar uma tonelada do insumo, agora com menos de 14 sacas o agricultor consegue o mesmo volume.
O agricultor Paulo da Silva Moraes produz frutas, legumes e cereais como milho e soja em uma área de 90 hectares e, de olho no aumento no custo da produção, também já antecipou a compra de fertilizantes que vai precisar para evitar prejuízo. “Tenho notado que comprar antecipado traz mais vantagens e este ano eu resolvi fazer isso. Eu comprei 60 toneladas e vou precisar comprar mais 30, mas essa última carga eu vou comprar na época de chuvas e vai funcionar como um teste para eu saber o que vai dar mais resultado”, disse.
Os produtores que resolveram antecipar as compras devem economizaram de 10% a 15% neste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O medo de Paulo, no entanto, é de que os preços voltem a subir influenciados pela instabilidade política no Brasil. “A expectativa é de que o preço possa aumentar porque a política aí está muito incerta, mas eu acho que valeu a pena, o resultado a gente vai ver depois, mas acho que valeu a pena.”
De acordo com o consultor de fertilizantes da FCStone Marcelo Mello, três fatores contribuíram para o aumento das vendas de fertilizantes, que chegaram a 12%. “O preço do complexo NPK, nitrogenados, fosfatados e potássio, que compõem as fórmulas dos fertilizantes, caiu 30% entre maio do ano passado e maio deste ano. Por outro lado, tivemos a alta nos preços dos grãos e essa mudança no comportamento do dólar (…), então, esses três fatores têm sido muito importantes para apurar o aumento do consumo”, avaliou.
O analista de mercado aponta ainda que os preços devem permanecer em queda,mas, a quebra da safrinha em estados como Goiás e Mato Grosso pode trazer mudanças nos próximos meses. “Isso pode gerar uma certa inadimplência para o produtor rural e prejudicar a compra de fertilizantes para a safra de verão. Eu acredito que vamos chegar ao fim do ano com crescimento de vendas de fertilizantes de 6% em cima do ano passado, recuperando a queda do ano passado.”