Replantio em Campo Novo do Parecis (MT) vai prejudicar a produtividade nesta safra

Período de estiagem atrapalhou o desenvolvimento da safra na região; especialista alerta para a necessidade de se tratar as sementes do replantio

Fernanda Farias | Campo Novo do Parecis (MT)

Em Campo Novo do Parecis, no oeste de Mato Grosso, o replantio da soja foi necessário. O motivo é que a falta de chuvas na região afetou o desenvolvimento das plantas. Nessas áreas, o produtor precisa tomar muito cuidado com o tratamento das sementes, para não comprometer ainda mais a produção.

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O município tem área de produção estimada em 360 mil hectares. Além da produção de soja, a cidade é conhecida pelo cultivo de girassol e pela produção de milho pipoca, cerca de 70% da produção brasileira vem de Campo Novo do Parecis.

O presidente do Sindicato Rural da cidade, Alex Uchida, conta que o plantio da soja está terminando apenas agora. Isso porque muitas lavouras precisaram ser replantadas.

– Essas primeiras lavouras sofreram muito com a seca, especialmente a soja precoce, que terá a produtividade bastante comprometida – projeta Uchida.

O engenheiro agrônomo Gustavo Maria optou por não replantar os primeiros 400 hectares de um total de 3.400 que foram semeados em setembro. Esperando um desenvolvimento melhor, ele hoje se arrepende da escolha.

– Essa área, hoje, a gente acredita que tinha que replantar. Mas como vinha de um plantio atrasado, ficamos esses 20 dias parados, foi deixando. A gente esperava um desenvolvimento melhor – lamenta.

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A perda de produção estimada é de 15%. Além disso, o produtor teve aumento no custo de produção: US$ 30,00 por hectare a mais em fungicidas para controlar a pressão de lagarta, que foi maior por causa da seca que atingiu toda a região.

– Os produtos não fazem efeito, aplica outro, também não. Foram seis aplicações, no resto da área que foi plantada pós-seca, está dentro do programado. Cerca de três aplicações – comenta o agrônomo.

Nas áreas que precisarão do replantio, encontramos uma característica em comum preocupante: um solo praticamente sem cobertura, que vai disputar água com a planta. O consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann, explica ainda que o replantio nesta época vai afetar muito o desenvolvimento da oleaginosa.

– A variedade não está adaptada a esse momento, deveria ter sido feito em outubro. Agora ela vai ter altura comprometida, mesmo que chova. Ela não vai desenvolver bem. A partir de dezembro, entra o verão e os dias ficam mais curtos, vai faltar luz exatamente no período de enchimento de grãos – explica.

O especialista também alerta para o cuidado extra que o produtor precisa ter com o tratamento da semente.

– O que acontece no replantio, o tratamento com semente tem que ser muito bem feito, porque a semente anterior apodreceu e encheu o solo de fungo. Essa segunda semente tem que ser muito bem protegida em relação à população grande de fungo que tem nesse solo. Neste caso, ele teria que usar uma dose expressiva do fungicida porque a concorrência vai ser grande – orienta Lantmann.

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