Representantes da avicultura fazem apelo aos governos por auxílio ao setor

Alta no preço dos insumos prejudica produção no Rio Grande do Sul. Mercado de grãos foi tema de fórum na Expointer 2012Encerrando a programação do Canal Rural na Casa RBS na Expointer, o fórum "O futuro que nos espera no mercado de grãos - milho e soja" reuniu representantes das cadeias produtivas nesta sexta, dia 31. Na ocasião, representantes do setor da avicultura do Rio Grande do Sul fizeram um apelo aos governos federal e estadual para que auxiliem os produtores, que passam por dificuldades com a alta da soja e do milho, principais insumos da ração de aves.

O debate contou com a participação do economista e consultor da Safras & Mercado, Flávio França Júnior; do presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger e do coordenador da Comissão de Postura Comercial da Asgav, Daniel Bambi. Também participaram o secretário da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio da Rocha.

O fórum mostrou um panorama do mercado de grãos, apresentado por França Júnior. O especialista apontou a forte alta no preço da soja nos últimos meses, que passou de U$ 11 em novembro do ano passado para cerca de U$ 18 atualmente. O consultor da Safras & Mercado explicou que a alta vem ocorrendo de maneira sistemática desde o início de 2011, se agravando com as severas perdas na safra norte-americana ocorrida neste ano.

— É uma alta de fundamentos, de relação de oferta e demanda, muito mais consistente do que aquela do ano passado.

França Júnior prevê uma melhora nos preços da soja apenas no ano que vem, com a safra 2012/2013.

— A tendência é de um ano melhor, com safra de bom volume, o que traria um fôlego para o mercado internacional em fevereiro ou março do ano que vem. Mas não vai alterar muito o perfil de preços altos.

Em relação ao mercado de milho, o especialista afirmou que há uma possibilidade muito pequena de que o preço do grão tenha queda. Nos últimos meses, o preço do milho teve um aumento de 60%.

Com a alta dos grãos, o presidente da Asgav, Nestor Freiberger, reclamou da falta de auxílio por parte dos governos federal e estadual. Freiberger cobrou agilidade para o envio do milho produzido no Centro-Oeste para o Sul do país.

– Estamos angustiados, até agora nada aconteceu. Nós não precisamos de mais conversas, nós precisamos de ações – afirmou.

O representante do setor da avicultura fez uma menção ao programa Mais Água, Mais Renda, do governo do Rio Grande do Sul.

— Eu espero que o fundo de irrigação seja uma solução para os produtores de milho. Nós precisamos plantar milho.

O coordenador da Comissão de Postura Comercial da Asgav, Daniel Bampi, falou sobre os custos da ração para o setor de produção de ovos. Segundo Bampi, 60% das despesas do setor são com a ração, que é composta de 60% de milho e 21% de farelo de soja.

– Os consumidores acreditam que a gente está aumentando (o preço) por aumentar, mas na realidade nós só estamos repassando os custos – explicou.

O secretário da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que o Estado precisa aumentar a sua produtividade de milho para reverter a alta nos preços.

– Nós estamos em oitavo lugar na produção de milho e em 15º na produção de soja, o penúltimo lugar do país. Então este é o primeiro desafio que teremos: aumentar a produtividade.

Mainardi afirmou que para recuperar o atraso do Rio Grande do Sul nessas duas cadeias produtivas é preciso melhorar a gestão da propriedade, investindo em tecnologia da irrigação e em um manejo mais adequado.

O superintendente do Ministério da Agricultura, Francisco Signor, concordou com a necessidade de o Estado gaúcho produzir mais grãos e garantiu que haverá uma intervenção do Ministério se a situação se agravar.

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