Rio Grande do Norte é o primeiro a certificar melão no mundo

Certificada em Comércio Justo, produção de melão no interior do Estado terá novos mercados? Esta é a primeira vez que conseguimos um contrato com preço justo e fixado. É um momento muito importante para nós ? declarou Ubiratan Carvalho, gerente de Negócios da Cooperativa de Desenvolvimento Agroindustrial Potiguar (Coodap), na solenidade que comemorou, no início de outubro, um fato marcante para produtores e comunidade de Pau Branco, uma área rural em Mossoró, Rio Grande do Norte.

A Coodap conquistou a certificação em Comércio Justo, concedida pela Fairtrade Labelling Organizations (Flo-Cert) ? Certification for Development (Certificação para o Desenvolvimento, em português). É o primeiro caso no mundo de certificação de melão.

A certificação obtida pelos produtores de Pau Branco ? onde vivem três mil famílias, que dependem essencialmente da agricultura familiar ? vale até 2012 e abre grandes perspectivas de mercado. Como seu próprio nome diz, o Comércio Justo (do inglês Fair Trade) se baseia em relações mais justas do ponto de vista dos negócios.

Para se enquadrar nesta categoria, os produtores devem se organizar em associações, adotar um processo democrático de decisões, ter a igualdade entre homens e mulheres, respeitar as leis trabalhistas e o meio ambiente. Já as empresas que compram pelo sistema de Comércio Justo se comprometem a adquirir matérias-primas certificadas e a pagar um preço mínimo para possibilitar a produção. As empresas ainda devem pagar bônus para investimentos em projetos sociais e fechar contratos a longo prazo com os produtores.

O resultado imediato da certificação para a Coodap é a venda de 250 toneladas de melão para uma rede de supermercados da Inglaterra, por um preço entre 20% e 30% acima do praticado. Além disso, a cada quilo vendido, a cooperativa ganhará 10 centavos de dólar. Esse dinheiro deverá ser aplicado em projetos sociais nas áreas de saúde e educação na comunidade de Pau Branco.

Outra vantagem é que os produtores recebem um adiantamento de parte dos recursos. A quantia pode ser usada para a compra, pelos agricultores, de insumos e sementes, o que facilita o processo produtivo.

Ubiratan Carvalho conta que a entrada da Coodap no Comércio Justo representa uma mudança de comportamento para os produtores de sua comunidade.

? Tínhamos uma visão mais primária do comércio antes de nos envolvermos com a busca pela certificação ? revela.

? Passamos a lidar de uma forma bem mais séria com a gestão do nosso negócio. O modelo Fair Trade nos fez perceber o papel de uma série de conceitos, como o uso sustentável dos recursos naturais ? afirma Ubiratan.

Segundo a representante dos produtores de melão, a certificação trouxe um novo estágio para a vida dos agricultores, de suas famílias e da comunidade.

? Temos um produto de qualidade e todos estão bastante confiantes de que vai dar certo.