Encontro em Porto Alegre (RS) reuniu especialistas no assunto para discutir o grande número de focos da doença em plantas voluntárias nesta safra
Bruna Essig | Porto Alegre (RS)
Na safra 2015/2016, aumentou a incidência da ferrugem asiática em soja voluntária no Sul do país, especialmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor nacional do grão. A preocupação é tanta que autoridades já pensam em implantar o vazio sanitário, período sem plantas vivas de soja no campo, nos dois estados.
• Vejam os estados que adotam o vazio sanitário
O Rio Grande do Sul já contabiliza 30 casos de ferrugem em soja guaxa neste ciclo. O fungo reduz muito a produtividade da planta e pode causar perdas de até 100%. A mudança climática dos últimos anos favoreceu o aparecimento da doença mais cedo no Sul brasileiro.
– Neste ano nós também estamos prevendo que a ferrugem pode se antecipar nas lavouras comerciais em função das voluntárias que continuam vivas. O inverno não foi muito intenso, não tivemos episódios de geadas para eliminar essas plantas – explica a pesquisadora da Embrapa Trigo Leila Maria Costamilan.
Além dos gaúchos, os agricultores de Santa Catarina, Piauí e Roraima não adotam o vazio sanitário. O período sem plantas vivas de soja no campo é importante para evitar o aparecimento de doenças na planta, entre elas a ferrugem.
A pesquisadora da Embrapa Soja e coordenadora do Consórcio Antiferrugem, Claudia Godoy, explica que o fungo está cada vez mais resistente aos defensivos. Ela defende a implantação de uma janela fixa de plantio, assim como acontece em outros estados produtores.
– Dos 117 produtos que nós temos registrados para a ferrugem, só cinco tem a eficiência acima de 50%. Então a gente está em um cenário bastante complicado porque não tem novos produtos chegando e podemos perder o controle da ferrugem. Essas medidas de ter um vazio sanitário, de se fechar a janela de semeadura são estratégias para a gente conseguir diminuir essa resistência do fungo aos produtos – explica Claudia.
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