Setor sucroalcooleiro supera crise e movimenta fusões e aquisições em 2009

Empresas capitalizadas tiveram boas oportunidades de negócios ao longo do anoAs fusões e aquisições movimentaram este ano um dos setores mais visados do Brasil no mercado global: o de biocombustiveis.  Para as empresas que estavam capitalizadas, 2009 foi um ano de oportunidades. Apesar da crise, muitas cresceram e ganharam  vantagens competitivas para atender ao mercado externo.

As consolidações no setor sucroalcooleiro é o tema da quarta reportagem da série sobre fusões e aquisições no agronegócio brasileiro.

Foi no segundo semestre do ano que uma multinacional que está investindo no setor sucroalcooleiro no Brasil se uniu com uma veterana na produção de açúcar e álcool. Louis Dreyfus e Santelisa Vale formaram a LDC SEV com capacidade para moer 40 milhões de toneladas de cana por ano, produzir quase três milhões de toneladas de açúcar e 1,5 mil metros cúbicos de etanol.

Uma aposta da nova organização é o investimento em co-geração de energia. A LDC SEV já nasceu com capacidade para gerar 982 megawatts de energia elétrica, o suficiente para abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes.

? É uma aposta importante e com grande potencial e vem complementar a gama de oportunidades de crescimento e investimento na produção de etanol e de açúcar ? afirma o CEO da LDC-SEV, Bruno Melcher.

Uma outra transação,  feita por troca de ações este ano, fechou um negócio que deu ao Grupo Cosan a posição de maior produtor de açúcar e álcool do mundo. A companhia comprou a Nova América Agroenergia, e se tornou também líder no varejo de açúcar no mercado brasileiro, com a incorporação da marca União.  As negociações em 2009, com a Nova América, elevam a capacidade de moagem de cana de açúcar em 10,6 bilhões de toneladas para a safra 2009/2010.
Um pulo e tanto, considerando que o ano não foi dos melhores para o setor.    
 
? Um ano em que se dizia de crise, o setor demonstrou capacidade se superar muito forte, apesar de preços muito baixos para o açúcar e para o álcool, que permaneceram ao longo de quase todo o período. Portanto, foi um ano comercialmente ruim, mas um ano em que  as empresas foram capazes de sair de uma situação muito ruim para uma situação menos ruim ? analisou o economista e empresário do setor Eduardo Pereira de Carvalho.

As negociações movimentaram este ano também um dos setores mais visados do Brasil no mercado global. O de biocombustíveis.  A crise  comprometeu a situação financeira de várias usinas este ano, mas para quem estava capitalizado, foi um período também de oportunidade, de crescer no mercado externo.  Ao mesmo tempo, empresas estrangeiras ficaram de olho nas oportunidades brasileiras neste segmento.

A empresa americana Amyris Brasil chegou no país há dois anos. Com sede nos EUA, tem agora  um laboratório em Campina,s no interior de São Paulo, onde desenvolve tecnologias para a extrair da cana-de-açúcar matérias-primas que podem produzir desde combustível a creme de beleza. No meio do ano a empresa anunciou a produção do chamado diesel puro, feito com a cana. Neste mês, o anúncio foi de uma parceria com três grupos do setor sucroalcooleiro pra fabricação de outros produtos. A empresa é americana  mas já está mudando a lógica de produção nas usinas brasileiras..

? A gente está  investindo no setor sucroalcooleiro, na verdade fazendo parcerias, até comprando participações em usinas, pra tornar estas usinas produtoras não só de etanol, mas de uma série de produtos de maior valor agregado, como diesel, produtos químicos, no futuro querosene de aviação etc, tudo derivado da cana-de-açúcar ?  explicou o Diretor-Geral da Amyris Brasil, Roel Collier.

Longe de fazer qualquer investimento agora está Marco Mariani, um pequeno produtor rural brasileiro. Ele trabalha no segmento de carnes e está quase parando por falta de condições.

? Dói! Mas é a realidade ver um chiqueiro, uma baia vazia. Isso aí te dói né ? lamenta.

As conseqüência da crise e a preocupação dos produtores e das pequenas indústrias com as fusões entre as grandes companhias o tema da  próxima reportagem da série sobre fusões e aquisições no agronegócio.