Setor sucroenergético precisa de equacionamento econômico para atrair investimentos, diz presidente da Unica

Medida passa por questões como a desoneração fiscal do etanol e por medidas que o tornem mais competitivo em relação à gasolinaO setor sucroenergético não precisa apenas de financiamento para renovação de canavial e estocagem de etanol, mas de um equacionamento econômico que permita atrair investimentos em novas usinas. A afirmação é do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, que participou nesta quarta, dia 29, de reunião da Câmara Americana de Comércio (Amcham).

Segundo ele, o equacionamento econômico do setor passa por questões como a desoneração fiscal do etanol e por medidas que o tornem mais competitivo em relação à gasolina.

— Hoje o etanol é mais tributado que a gasolina se considerarmos o quilômetro rodado. O único Estado em que a tributação é baixa é São Paulo. No resto do país, é bastante pesada — disse.

O executivo afirma que esta desoneração deve ser tanto no etanol como nos insumos utilizados para sua produção.

Jank afirma que, além da redução da incidência de impostos sobre o produto, a redução dos custos do setor ajudaria a atrair os investimentos necessários para que a produção de etanol e açúcar cresça acompanhando a demanda.

— Esta redução de custos poderia vir, por exemplo, através do incentivo da bioeletricidade — disse.

Atualmente, os preços oferecidos pela energia gerada por meio da biomassa de cana não são competitivos. A bioeletricidade permitiria uma geração de renda adicional que amortizaria os investimentos na produção de etanol.

Planejamento

Ele ressaltou que o recente plano estratégico para o setor sucroenergético foi apenas um empacotamento de recursos já disponíveis para o setor. Para ele, estes recursos são positivos, mas o setor não precisa apenas de linhas de financiamento.

— O plano que o setor quer passa por um planejamento estrutural de longo prazo — afirmou.

Uma das questões que teria de ser resolvida no longo prazo para atrair investimentos, segundo ele, seria a transparência na formação do preço da gasolina.

— O setor não quer apenas ajuda financeira do governo. Esta não é a questão. O setor precisa de transparência e medidas que possibilitem segurança para o retorno do investimento privado e desta forma garantir o crescimento virtuoso necessário neste momento — disse.

O executivo lembrou que existe um descasamento entre o discurso da Petrobras e do governo em relação ao preço da gasolina.

— Enquanto a presidente da Petrobras afirmou que a receita da empresa já preocupa e não descartou um aumento da gasolina, a presidente Dilma rebateu com o fato de que o Brasil precisa de mais refinarias o que me faz crer que um aumento da gasolina não deve sair tão cedo — afirma.