ANÁLISE

Soja: Argentina se recupera e está 'de volta ao jogo'

A projeção da Safras & Mercado é de que a Argentina colha 49,6 milhões de toneladas de soja em 23/24, contra 21,1 milhões na safra anterior

bandeira argentina soja
Foto: Pixabay

A Argentina está “de volta ao jogo” das exportações de soja.

Nesta quarta-feira (27), o analista da Safras & Mercado, Bruno Todone, palestrou durante a 7ª edição da Safras Agri Week e apresentou um panorama da oleaginosa, que volta à normalidade após uma temporada 2022/23 impactada muito negativamente por altas temperaturas e falta de chuvas.

A projeção da Safras & Mercado é de que o país colha 49,659 milhões de toneladas em 2023/24, contra 21,101 milhões no ano anterior.

Em 22/23, a Argentina importou muito mais do que o normal: 10,277 milhões de toneladas.

Neste ano, os volumes devem ficar em 3,8 milhões de toneladas, volume perto da média histórica.

Da mesma forma, as exportações e o processamento também voltam a níveis considerados normais.

Comercialização

Apesar do avanço importante no último mês, a comercialização da soja está atrasada na Argentina.

Nas últimas cinco semanas, houve um salto que denota o aumento da movimentação por parte dos produtores.

“Ainda assim, apenas 21% da safra foi comercializada até o momento. A média para o período fica em torno de 30%”, diz Todone.

O especialista alerta para o grande risco da comercialização a preço aberto. “Há possibilidade de novas quedas nos preços”, especulou.

Até o momento, apenas 4% da safra projetada já foi comercializada com preço fechado; 17%, com preço aberto; e 79% ainda não foi comercializada. “O produtor precisa cuidar para garantir a melhor margem possível”, sugeriu.

Lavouras excepcionais

Com o clima mais favorável nesta temporada, impactada pelo El Niño, as condições das lavouras são excepcionais, conforme o analista.

Ele lembra que o país vem de três anos consecutivos de La Niña, que afetaram muito a oleaginosa.

Em anos de La Niña, os rendimentos são mais baixos. A previsão é de que o La Niña retorne a partir de julho-setembro, o que pode trazer anomalias negativas à região núcleo da Argentina.