Soja cultivada com forrageira pode ter aumento de 50% na produtividade, diz pesquisa

Experimento realizado no Tocantins mostrou que produção casada com plantas como capim mombaça eleva rendimento das duas espécies, permite maior aproveitamento de adubação e recuperação de áreas degradadas

Fonte: Clênio Araújo/Embrapa

Plantar soja em solo cultivado com forrageiras pode aumentar em quase 50% a produtividade da oleaginosa. É o que concluiu o trabalho do pesquisador Carlos Andrade, em sua dissertação de mestrado desenvolvida na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e que contou com a participação da Embrapa. O foco do trabalho de Andrade foi a região de Cerrado do Tocantins, que possui mais de 90% de seu território nesse bioma. O melhor resultado obtido pela pesquisa foi em consórcio com o capim mombaça.

Andrade explica que, como a região é composta por áreas com diferentes características, o potencial de produção e produtividade das culturas não é o mesmo, assim como não são semelhantes as condições do solo e do clima e, portanto, os resultados dos cultivos também são diversos. Com essa multiplicidade de condições, é preciso entender melhor as áreas de Cerrado em regiões menores ou mais específicas. Foi esse o enfoque do trabalho de Andrade, que concentrou seus experimentos em Gurupi, município localizado no sul do Tocantins.

Capim mombaça 

Andrade afirma que foram avaliadas a produção de palha e o desempenho agronômico da cultura da soja em consórcio com diversas forrageiras sobressemeadas em sistema de plantio direto. Como resultado, ele relata que, entre cinco forrageiras testadas, o capim mombaça se destacou: aumentou em quase 50% a produtividade da soja quando comparada à produção da oleaginosa semeada do modo tradicional (solteira).

Além da obtenção da maior produtividade, são inúmeras as vantagens do consórcio soja-forrageiras, diz o pesquisador. Ele destaca o maior aproveitamento do residual de adubação, a reciclagem de nutrientes, o aumento da produtividade da forragem, a recuperação de áreas degradadas, o aumento de ciclos de pastejo de animais e a conservação do solo. Sem falar na formação de palhada produzida pelas espécies forrageiras, essencial ao plantio direto da soja.

Em sistemas de integração lavoura-pecuária, que vêm ganhando novas áreas no Tocantins, a sobressemeadura de forrageiras na soja trouxe benefícios independentemente da atividade principal da propriedade, seja agricultura ou pecuária.

Recuperação do solo

O analista da Embrapa Pesca e Aquicultura Francelino Camargo participou da condução dos experimentos e considera que a sobressemeadura é uma excelente alternativa para recuperar o pasto degradado e para manter a superfície do solo coberta e protegida por maior tempo para o plantio. Segundo ele, o cultivo das forrageiras permite altas adições de biomassa por ano na área a ser cultivada, aumentando os estoques de carbono no solo.

O analista destaca também que o solo coberto por maior tempo reduz as variações térmicas da superfície, diminuindo seu estresse. O plantio das forrageiras melhora as características físicas do solo, reduz a ação das plantas daninhas e diminui a aplicação de herbicidas nas lavouras.

Camargo considera que os resultados dos experimentos conduzidos em Gurupi podem ser alcançados em outras áreas de Cerrado do Matopiba.

Parcerias

Foram parceiros nesse trabalho o pesquisador Emerson Borghi, da Embrapa Milho e Sorgo; o professor Junior Cesar Avanzi, da Universidade Federal de Lavras (Ufla) ; os pesquisadores Leandro Bortolon, Elisandra Bortolon e Jones Simon, do núcleo de sistemas agrícolas da Embrapa Pesca e Aquicultura; e os professores Rubens Ribeiro da Silva e Rodrigo Ribeiro Fidelis, da UFT.