Soja: greve pode render perdas de 400 mil toneladas de exportações por dia

Até o momento, os portos estavam embarcando o produto que estava estocado, mas esta condição já mudou. Veja outros impactos na soja, no milho e nos fertilizantes

Apesar de os produtores de soja do Brasil considerarem a greve dos caminhoneiros legítima e apoiarem a iniciativa, essa manifestação que já chega ao 9º dia traz impactos ao setor. Com o intuito de trazer uma luz sobre esta crise e seus impactos, a consultoria Agroconsult fez um levantamento e destacou alguns pontos que podem afetar o negócio da soja, milho e dos fertilizantes.

SOJA – risco moderado

Na cadeia da soja, o impacto é moderado. Mas pode se tornar grave se a greve continuar.

  • O principal efeito dos bloqueios das rodovias é impedir que a soja chegue aos portos. Poderia ser pior se a colheita ainda estivesse em andamento e as máquinas fossem paralisadas por falta de óleo diesel. (A colheita foi concluída no início de maio.)
  • As exportações foram temporariamente asseguradas pela soja estocada nos portos. A partir de agora a situação começa a complicar. Cerca de 400 mil toneladas devem deixar de ser embarcadas a cada dia que a greve continuar. Mesmo que as rodovias sejam desbloqueadas, levará algum tempo para normalizar o escoamento. Antes da greve, nossas projeções indicavam que o volume de embarques em junho e julho deveria ser muito próximos do recorde para esses meses. Se parte das exportações tiver de ser postergada, aumentará a competição com o milho nos canais logísticos de agosto em diante.
  • Novos negócios também não estão sendo feitos. Tanto compradores quanto vendedores estão esperando os desdobramentos da greve para voltar ao mercado.

MILHO – risco moderado

O impacto é moderado para o milho 2ª safra.

  • Até agora os efeitos da greve dos caminhoneiros sobre o milho safrinha são pequenos. Mas se a situação persistir por mais tempo, a ponto de comprometer o avanço da colheita e o escoamento da produção, o impacto tende a crescer.
  • Projetamos que até o fim da primeira quinzena de junho, de 2 milhões a 2,5 milhões de toneladas devam ser colhidas no Mato Grosso.
  • A colheita vai demorar um pouco mais para começar nos demais estados produtores. Neles, os efeitos da greve sobre o milho safrinha ainda são pequenos. Quase não há trabalho de campo nesse período da safra.
  • É preciso considerar uma queda na demanda doméstica de milho causada pela morte de aves e suínos que não receberam ração durante a greve (veja mais detalhes na seção sobre aves, suínos, bois e leite).

FERTILIZANTES – risco moderado

O Impacto é moderado no setor de fertilizantes.

  • Historicamente, as entregas de fertilizantes se concentram no 2º semestre do ano. Mas no final do 1º semestre o volume de vendas e entregas começa a aumentar. Nas últimas cinco safras, as entregas e maio representaram de 6% a 8% do total do ano.
  • Junho tem uma relevância um pouco maior (de 7% a 9% das entregas nas últimas cinco safras). Por isso, caso a greve persista até a virada do mês e daí em diante, o impacto para o setor poderá ser considerado “ELEVADO”. Nesse caso, as entregas para a safra 2018/19 no Centro-Oeste e nas demais regiões começarão a ficar comprometidas.
  • Para mitigar o impacto após a greve, há a possibilidade de aumentar o uso de elementos simples e de reduzir os estoques da indústria.
  • Pode haver uma corrida dos produtores rurais às compras, o que elevaria os preços dos fertilizantes e do custo dos fretes.

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