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Aprosoja critica plataforma de royalties de sementes transgênicas

Entidade afirma que o Cade ignorou informações apresentadas sobre as consequências da criação de uma nova empresa de cobrança de royalties

soja
Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) disse, em nota, que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ignorou informações apresentadas pela entidade sobre as consequências da criação da Newco, uma nova empresa formada por Bayer, Corteva e Syngenta destinada à cobrança conjunta de royalties pelo uso de biotecnologia de soja.

Em nota, a Aprosoja afirmou ter recebido “com indignação” a notícia de aprovação sem restrições, pelo Cade, da nova empresa. “Para a surpresa da entidade, e sua grande indignação, nenhum dos dados e argumentos levados ao conhecimento do Cade recebeu qualquer menção na decisão de aprovar o ato sem restrições. A leitura do parecer que aprova a criação da nova empresa não faz nenhuma referência a nenhum dos problemas indicados pela Aprosoja Brasil, nem mesmo para considerá-los impertinentes”, diz um trecho do comunicado.

A Aprosoja classificou a situação como uma “clara infração, pelo Cade, do direito constitucional de petição da Aprosoja, em prejuízo do mercado que o Cade deveria estimular”.

A joint venture entre Bayer, Corteva e Syngenta vai gerir um modelo único de acompanhamento e cobrança de royalties de soja transgênica.

Na época, a diretora executiva da iniciativa Cultive Biotec, encampada pelas companhias, Silvia Fagnani, explicou que, no novo sistema, o pagamento de royalties na compra da semente ou na declaração de sementes salvas continuará sendo feito diretamente à empresa detentora da patente. Somente nos casos de verificação de royalties não pagos na entrega das cargas é que a cobrança será unificada.

A Aprosoja afirmou também na nota que desde a aprovação da compra da Monsanto pela Bayer no Brasil a companhia tem praticado “abusos” no mercado brasileiro. “O preço dos royalties praticado no Brasil supera enormemente os valores praticados pela Bayer-Monsanto em países vizinhos. Sua forma de cobrança revela-se constrangedora, agressiva e claramente abusiva”, diz a associação.

A Aprosoja pontuou que havia a expectativa de que o lançamento de novas biotecnologias por outras empresas trouxesse competitividade que colocaria “em xeque” o modelo adotado pela Bayer. Lembrou ainda que, desde 2009, produtores do País contestam na Justiça o sistema de cobrança de royalties, citando ações do Sindicato Rural de Sinop, da Aprosoja Rio Grande do Sul e da Aprosoja Mato Grosso.