Soja Brasil

Produtores de soja de MT calculam perdas por infestação de lagartas

Agricultores reclamam que cultivares resistentes às pragas não estão funcionando, apesar da alta elevada do insumo

A incidência de lagartas nas plantações de soja eleva o custo e reduz a produtividade. Em alguns municípios de Mato Grosso, produtores estimam perdas de até duas sacas por hectare em decorrência dos danos.

O agricultor Eder Ferreira Bueno, de Ipiranga do Norte, por exemplo, investiu em cultivares resistentes na maior parte dos 1.300 hectares cultivados com a oleaginosa, mas a pressão causada pela praga frustou suas expectativas. “Aqui tem todos os tipos de lagarta: spodoptera, falsa-medideira, helicoverpa, lagarta-maçã, tudo o que se possa imaginar”, detalha.

De acordo com ele, considerando todos os produtos aplicados na lavoura para conter as lagartas, o custo corresponde a cerca de 2,5 sacas de soja por hectare. “Temos gastado um valor exorbitante na compra das sementes para termos essa defesa de não ter de usar produtos específicos […]”, diz.

Aplicações de inseticidas contra lagartas

Já em Jaciara, sudeste de Mato Grosso, a alta incidência da praga em lavouras de soja transgênica também preocupa os produtores. O agricultor Jorge Diego Giacomelli plantou soja em 1.680 hectares e conta que em alguns talhões fez aplicações de inseticidas acima da dose recomendada pela bula na tentativa de conter as lagartas.

“As vagens que já foram comidas pelas lagartas dão, em valor de mercado, cerca de R$ 240 por hectare perdidos”. Segundo ele, o número de aplicações adicionais pode desequilibrar a relação entre receita e despesas da propriedade.

“Por lagarta, calculamos um custo de R$ 125 a mais por hectare além do que tinha sido programado. Fora o aumento absurdo que tivemos nas sementes, tivemos também aumento em torno de 15% no custo dos royalties por hectare. Então, além de não funcionar a tecnologia [da semente], ela sofreu um reajuste de preço que vamos ter de pagar”, considera.

Técnicas de soja convencional em transgênica

Aplicação de defensivo em soja
Foto: Milton Doria/Adapar

No município de Vera também tem produtor preocupado com a infestação da praga na plantação. Em uma propriedade com 1.350 hectares dedicados à oleaginosa em fase final de ciclo, o agricultor Valcir Strapasson tem utilizado as mesmas técnicas de manejo de soja convencional na geneticamente modificada.

“Somando tudo, hoje dá cerca de R$ 500 a mais [por hectare] só de inseticida”, ilustra. Segundo ele, será necessário colher no mínimo 47 sacas de soja por hectare apenas para cobrir os custos de instalação da lavoura.