Produtores de soja do RS adiam semeadura pensando no La Niña

Plantio apenas na segunda quinzena de novembro tende a evitar floração da planta em dezembro, mês de provável estiagem no estado

O Rio Grande do Sul está liberado, desde 11 de outubro, a plantar a nova safra de soja, mas o ritmo de semeadura ainda é lento. Por enquanto, os produtores trabalham no preparo de solo para começar a instalar as sementes de forma mais intensa só a partir da segunda quinzena de novembro.

Após perdas expressivas na temporada passada, agora a expectativa é voltar à casa de 20 milhões de toneladas produzidas, levando novamente o estado à vice-liderança de cultivo da oleaginosa, em uma área plantada de 6,5 milhões de hectares, de acordo com a Emater-RS.

Na fazenda de Eduardo Gonçalves, no extremo sul de Porto Alegre, a área destinada à soja é de 250 hectares, 100 a mais do que na temporada 2021/22. Por lá, três tratores trabalham simultaneamente para deixar tudo pronto para a hora do plantio.

“Não podemos reclamar muito da safra passada porque outros produtores sofreram bastante. Nós não sofremos tanto, mas esperamos colher mais do que no ano passado. Estamos no preparo de solo, abrindo áreas novas, e pretendemos plantar a partir de 15 de novembro”, conta.

Plantio tardio tem justificativa

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Plantadeira semeando soja. Foto: Divulgação Jacto

A capital gaúcha, aliás, é uma das únicas do país com área rural, com aproximadamente mil hectares dedicados à soja. O grão, sozinho, respondeu por cerca de 20% do produto interno bruto (PIB) do Rio Grande do Sul em 2021.

Os produtores do estado estão optando por iniciar o plantio da soja mais tardiamente para evitar a floração em dezembro, mês em que o fenômeno La Niña tende a ser mais severo, com períodos de estiagem.

De acordo com o presidente da Aprosoja-RS, Carlos Fauth, a perspectiva do Rio Grande do Sul é de produzir entre 21 e 22 milhões de toneladas do grão, desde que o clima seja conforme às necessidades da cultura. “O produtor está investindo, está animado e espera que 2022/23 seja uma safra cheia e que consiga ter um preço de mercado adequado para pagar os custos de sua lavoura”.

Custo de produção

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Foto: Famasul

O estado planta soja de norte a sul, expandindo para regiões novas, como litoral e Campanha. A cultura também avança sobre terras baixas, como opção ao arroz.

O coordenador de Culturas e Defesa Sanitária Vegetal do Emater-RS, Elder Dal Prá, afirma que, ao contrário do que costuma acontecer, o produtor que deixou para comprar adubos e defensivos próximo ao plantio, conseguiu adquiri-los com um valor menor. “É óbvio que ainda é um valor considerável. O custo vai ser um valor preponderante nesta safra, então aqueles agricultores que conseguirem racionalizar o seu uso, manejar o cultivo, serão aqueles que terão as melhores rentabilidades”.