Sojicultor quer chegar a 100 sacas só com manejo

Ao invés de elevar os custos introduzindo mais tecnologias no campo, ele aposta em um manejo completo para chegar a 2020 com esta média ousada de produtividade por hectare

Fonte: Vanoli Fronza/Embrapa

Aumentar a produtividade sempre é um desafio na agricultura. Alguns produtores investem tudo em tecnologia e outros aproveitam o que têm e fazem um manejo de solo simples, mas eficaz.  

A ideia é trabalhar o solo durante os 12 meses do ano, apostando sempre na diversificação de culturas. Partindo desta premissa, o produtor Evandro Noiran, de Passo Fundo (RS) resolveu dar as culturas de inverno o mesmo tratamento dispensado a soja e ao milho.

“Procuro tornar o solo um bem valioso, um patrimônio maior para nossa atividade aqui. Não pode, de forma alguma, ficar descoberto. Desde as culturas de verão ou de inverno, como também no entremeio delas, que é o vazio outonal. Neste período, colocamos milheto ou graminha para fazer esta interligação”, comenta Noiran.

Em uma das áreas ele planta aveia preta, depois a soja e na sequência entra com a aveia branca. “Depois da aveia branca coloco soja de novo, e recomeço todo o processo. Começando com tremoço ou alguma cultura que possa preparar o solo para o milho”, explica ele.

O resultado é um solo descompactado e rico em nutrientes. Outra peça chave nesta engrenagem é o capim sudão que tem uma grande capacidade de enraizamento. “Ele tem uma raiz bastante profunda e importante para trabalharmos a questão da infiltração de água e dos nematoides. Sem falar na questão dos macro e micronutrientes e micro organismos de solo, que ficam ativadas trabalhando nesta interação”, conta Noiran.

Outra prática antiga e fundamental que vem sendo resgatada no Sul do país é o terraceamento, que é uma barreira natural para proteger a lavoura da chuva e um meio de o solo absorver melhor a água. “Esta técnica preconiza a questão da infiltração e o trabalho em nível, ou seja, a gente dimensiona o terraço em função da pluviosidade e esta barreira física terá que suportar o limite de chuvas que definimos. No caso, 120 milímetros em dois dias.  Pode considerar como um trabalho de manejo bastante racional”, garante ele.

Os resultados positivos apareceram antes do esperado, contou Noiran. Em apenas 3 anos a produtividade da soja disparou em sua propriedade, passou de 55 sacas por hectare, para 78 sacas neste ano. Para próxima, deve passar de 80, prevê o produtor. “No máximo até 2020 pretendemos chegar a 100 sacas, mas com um custo bem mais modesto que a maioria. Queremos produzir tudo isso sim, mas dentro de um custo razoável que mantenha nossa margem de rentabilidade e lucratividade. Não basta produzir 100 sacas, tem que ver quanto que sobra gente”, diz.