Programa de Sucessão Familiar do Senar-MT orienta jovens do meio rural

Iniciativa visa capacitar filhos de produtores rurais para que eles possam assumir a empresa rural no futuro

Fernanda Farias | Rondonópolis (MT)

Mais de oito milhões de jovens entre 15 e 29 anos vivem no meio rural. É o que aponta o último censo do IBGE. A permanência deles no campo não é garantida. Pensando na sucessão das empresas rurais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) criou o Programa Sucessão Familiar, que capacitou mais de 100 pessoas no Estado em dois anos.

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Filho de agricultores, o presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis, Francisco Pugliese de Castro começou a ajudar os pais muito cedo. Formado em agronomia, estava sendo preparado para assumir o negócio quando o pai faleceu em 2005 e teve de assumir as rédeas da fazenda.

– Nós estamos na terceira geração de produtor rural. Foi natural, como acontecia antigamente, o filho era preparado pelo pai. Ia administrando conjuntamente até ele dominar tudo o que acontecia. Mas nós não tivemos um apoio que tem hoje em dia, através do Senar, para orientar na sucessão. O produtor rural hoje se fortaleceu muito, e necessita de profissionalizar sua empresa. Para isso, a sucessão familiar é importantíssima, para não descontinuar um projeto que vem, ano a ano, dando melhores resultados – comenta Castro.

A sucessão familiar no meio rural de Mato Grosso chega a 50%, segundo o Senar-MT. Um índice superior à sucessão na cidade, que é de 30%. Para manter ou até melhorar esses números, o Senar realiza o Programa de Sucessão Familiar, que já capacitou mais de 100 pessoas no Estado. A ideia é despertar no jovem o interesse pela continuidade do negócio e prepará-lo para enfrentar os desafios da administra da empresa.

O supervisor regional do Senar-MT Alexandre Hernandes Garcia explica que um dos pontos mais trabalhados é a resistência do jovem e a variação de lucratividade no negócio.

– A intenção do curso é demonstrar que, apesar das dificuldades, as empresas são prósperas, mas lidam com características muito amplas, questões financeiras, administrativas, burocráticas e, ao entenderem isso, no decorrer do curso, esses sucessores começam a olhar com melhores olhos para o futuro da empresa rural – explica Garcia.

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O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, chama atenção para que a sucessão não seja imposta e, sim, uma decisão natural dos filhos.

– Até mesmo por causa do momento que atravessa a atividade, de progresso, todo mundo ganhando relativamente bem, é claro que isso estimula o jovem. Mas deve ser uma preocupação porque nossa atividade é fazer alimentos, alguém vai ter que fazer isso pelo resto de nossas vidas – salienta o dirigente.

Foi assim com o produtor Osvaldo Pasqualoto, que veio com os pais do Rio Grande do Sul há 35 anos para plantar soja no Mato Grosso. E deve acontecer o mesmo com o negócio dele. Dos três filhos, um já estuda agronomia e outro também deve começar o curso.

– A iniciativa parte deles, eles se empolgam com a fazenda, gostam da atividade. Isso é importante, mostrar aos poucos que a fazenda tem várias áreas: administrativa, operacional. E a vocação de cada um se encontra com o tempo e os cursos a fazer – reforça.

Pasqualoto participou da última turma do Programa de Sucessão Familiar do Senar-MT. Para ele, foi um passo importante na transição do comando da empresa rural.

– Foi na sala de aula pai, filho e a mãe também. A família toda se insere no negócio e começa a observar que é importante se qualificar. Tem que tocar o negócio com capacidade. E o próprio filho vai percebendo que é um bom negócio – explica Osvaldo Pasqualoto.

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Francisco Pugliese de Castro também garante que os filhos têm total liberdade para escolher o futuro profissional, mas é claro que, se optarem pelo campo, melhor ainda.

– Tem que ser natural. Se acharem que serão felizes fazendo isso, serão muito bem-vindos Se não forem, quiserem outra coisa, aí a sucessão familiar vai ser conforme aprendemos no Senar. Transformar numa empresa, colocar pessoas terceirizadas para administrar. Eles vão ser donos da empresa, embora não participem da administração – comenta Castro.

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Acompanhe o trajeto da Equipe 1 da Expedição Soja Brasil:

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