Temor por moratória de Dubai faz bolsas do mundo caírem

Risco derruba mercados na Europa e Bovespa segue igual caminho, com queda de 2,25%A ameaça de moratória de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, anunciada nessa quinta, dia 26, derrubou os mercados financeiros mundiais. Analistas esperavam um dia morno nas bolsas, devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, mas o que se viu foi o contrário. Com Dubai no centro das atenções, as bolsas europeias tiveram expressivas quedas. A Bolsa de São Paulo (Bovespa) não conseguiu se isolar e encerrou as operações em baixa de 2,25%.

O conglomerado estatal Dubai World, holding que cuida dos principais investimentos do governo de Dubai, anunciou uma “paralisação” de seis meses no pagamento de US$ 59 bilhões em dívidas do grupo. Aliado ao fantasma de calote no Oriente Médio, mais um temor ajudou a abalar o mercado financeiro: o de que grandes bancos europeus estejam entre os maiores prejudicados se o pagamento da dívida realmente deixar de ser feito. Analistas do Credit Suisse acreditam que os bancos europeus tenham até US$ 40 bilhões em dívidas de Dubai.

Em um momento de recuperação dos mercados, uma moratória aumentaria muito o nervosismo das bolsas, segundo o economista da Investec Securities David Page.

? Traria de volta incerteza quanto aos problemas financeiros mundiais ? avaliou.

As bolsas mundiais mostraram o quanto uma notícia ruim pode afetar os negócios que agora voltam a entrar nos eixos. Na Bolsa de Londres, a baixa alcançou 3,18%. Em Frankfurt, houve desvalorização de 3,25%. E a Bolsa de Paris teve perdas de 3,41%. As ações do setor bancário estiveram entre os destaques de perdas no mercado londrino: os papéis do Royal Scotland Bank desabaram 7,74%, as ações do Lloyds caíram 5,75% e as do HSBC sofreram recuo de 4,80%. A Bovespa recuou 2,25%.

O tombo dos papéis da subsidiária de imóveis da Dubai World, a Nakheel, foi grande: quase US$ 3,5 bilhões de bônus islâmicos, chamados de sukuk. Caíram de US$ 1,10 para R$ 0,70 depois das notícias ? sinal claro de que o anúncio do governo árabe pegou os investidores de surpresa.

O governo de Dubai fez um comunicado na tentativa de acalmar os mercados. Em nota, o segundo maior dos emirados que compõem o país afirmou entender os temores dos mercados e, especialmente, dos credores, mas disse que a “intervenção” era necessária para resolver o problema do endividamento da Dubai World.

Agências reduzem notas de companhias do governo

Após o anúncio, a agência de classificação de risco Moody’s baixou a nota de seis grandes companhias do governo. O mesmo fez a agência Standard and Poor’s, que reduziu a classificação de cinco companhias.

A questão central agora é não deixar o episódio abalar a confiança dos investidores, que recém começa a voltar. Uma dificuldade, dizem analistas, é que o mercado não tem clareza sobre os movimentos de Dubai no mercado. Assim, fica difícil avaliar com precisão o risco de investir nos bônus.

? A incerteza pode se arrastar por algum tempo ainda, antes de termos uma ideia clara de como as questões serão resolvidas ? disse Huw Worthington, analista do Barclays Capital em Londres.