Com mais de 91% dos votos apurados, segundo a contagem oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma Vana Rousseff, de 62 anos, somou mais de 50 milhões de votos, abriu uma diferença impossível de ser revertida em favor de seu adversário, o tucano José Serra, e garantiu sua entrada no Palácio do Planalto para um mandato de quatro anos. O TSE confirmou a eleição da petista às 20h4min.
A primeira mulher a ser eleita presidente do Brasil nasceu em 14 de dezembro de 1947, na capital de Minas Gerais. A família de Dilma era de classe média. O pai, imigrante búlgaro; a mãe, uma professora brasileira. A menina estudou nos colégios mais tradicionais de Belo Horizonte e, aos 16 anos, começou a militância política em organizações clandestinas contrárias ao regime militar. Confira a história da presidente eleita:
? Era uma efervescência estudantil por causa de toda a situação da ditadura, que era uma situação muito pesada. Livros proibidos, professores expurgados. Colegas nossos ficaram desaparecidos, foram embora para a clandestinidade ? conta Lícia Peres, amiga de Dilma.
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Foi nesta época que Dilma conheceu o advogado gaúcho Carlos Araújo.
? Tão nova, 19 anos, já dedicada totalmente a uma luta política. Sua inteligência e sua beleza me encantaram muito ? lembra Araújo, ex-marido de Dilma.
Um não sabia o nome verdadeiro do outro.
? Foi quando os jornais publicaram a prisão dela que eu soube o seu verdadeiro nome. Nenhum sabia o nome do outro. A gente, por questões de segurança, era obrigado a manter o nome fictício, o nome de guerra como eles chamavam. Ela também só soube o meu nome quando eu fui preso ? explica Araújo.
Dilma foi presa em 1970 e torturada na prisão. Três anos depois, se mudou para o Rio Grande do Sul.
? Depois de três anos de prisão, ela mudou-se para Porto Alegre. Carlos estava preso. Ela foi morar na casa de Afrânio, pai do marido, com Marieta, a sogra, e visitava Carlos ? recorda Lícia.
Dilma se formou em economia e teve com Carlos Araújo sua única filha, Paula. Ela conheceu a amiga Lícia Peres durante a luta pela anistia para os presos políticos.
? Depois da anistia, ficou a dúvida, que partido a gente vai, como é que vai ser esta construção democrática? Nós ficamos juntas, no mesmo projeto de seguir o Brizola, que era fundar o novo trabalhismo ? comenta Lícia.
O ex-governador gaúcho Alceu Collares conta que conheceu Dilma em 1979, durante a fundação do PDT.
? Foi aí que o Brizola conseguiu reunir um grupo de idealistas, de lutadores, de pensadores, de economistas, de analistas e também de gente do povo, lideranças populares, jovens, para criar o PDT. Foi aí que nós nos encontramos ? afirma o ex-governador do RS.
Eles começaram a trabalhar juntos em 1985, quando Collares venceu a eleição para a Prefeitura de Porto Alegre e a escolheu como Secretária da Fazenda.
? Ela era extremamente preparada, com conhecimentos de economia, de estatística, com vivência da luta armada, com vivência política, com vivência política. Depois, em 1990, eu fui eleito governador e ela foi também integrante do meu governo já na elaboração do programa de governo e foi para a presidência da Fundação de Economia e Estatística. Antes de terminar, já no meio do nosso governo, nós a convidamos para que ela assumisse como secretária de Minas e Energia. Aí começou o seu aprofundamento no conhecimento do problema energético, do marco energético gaúcho e brasileiro. Depois, com o governo Olívio, ela foi também chamada a exercer esta importante tarefa de Secretária de Minas e Energia ? diz Collares.
Em 2001, Dilma deixou o PDT e entrou para o Partido dos Trabalhadores.
? Quando houve esta saída, de todos nós, eu fiquei magoado, mas a minha mulher, a Neusa, disse: olha, Collares, ela está indo para um partido que tem futuro. O nosso está patinando demais, está pequeno ? recorda Collares.
No primeiro mandato de Lula, Dilma foi ministra de Minas e Energia. Depois, assumiu a chefia da Casa Civil.
? Às vezes dizem que ela é muito forte, autoritária. Não, ela é extremamente exigente no cumprimento daquilo que as pessoas que a rodeiam prometem fazer ? defende o ex-governador do Rio Grande.
? Ela não tinha aspiração eleitoral, não. Não tinha. É que ninguém imagina um destino tão bonito, porque na verdade é um grande destino ? completa a amiga Lícia.
