Produtores do Paraná aguardam resposta do governo para decidir se plantam trigo este ano

Propostas encaminhadas por líderes do setor na semana passada dependem de aprovação do Conselho Monetário NacionalProdutores paranaenses estão esperando uma resposta sobre propostas entregues ao Ministério da Agricultura para decidir se vão plantar trigo este ano. Na semana passada, lideranças do Paraná e do Rio Grande do Sul apresentaram uma pauta de reivindicações para as culturas de inverno. Os principais pedidos são para o trigo, e entre eles está o aumento nos recursos para custeio e comercialização e o reajuste do preço mínimo. As demandas devem ser discutidas no Conselho Monetário Nacional (CMN).

Com apoio dos governos estaduais, os produtores pedem 25% de reajuste no preço atual da tonelada ? que iria para R$ 600 ? e mudanças no seguro das lavouras. Afirmam também que o setor precisa de R$ 2,3 bilhões para a safra 2009, mas esperam que os juros permaneçam nos atuais 6,75% ao ano.

A próxima reunião do CMN deve ocorrer em março. Enquanto isso, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) do Paraná vai reunindo argumentos e informou que enviaria nesta sexta, dia 27, ao ministro Reinhold Stephanes um documento reforçando a importância da manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC) em 10% para o trigo importado de fora do Mercosul.

? Não pode mudar a regra do jogo de uma hora para outra, como ocorreu o ano passado. O governo tirou a TEC, os moinhos acabaram adquirindo trigo do Exterior em função das previsões de que iria faltar, e isso não se concretizou. Os produtores brasileiros acabaram ficando com o trigo na mão. Até agora tem produtor que ainda não comercializou a safra do ano passado ? diz Gil Abelin, da regional da Seab em Londrina.

A reunião do CMN em março coincide com o início do período de plantio, que segue até julho. O agricultor Odair Favali, de Cambé, no norte do Paraná, diz que só vai plantar os mesmos mil hectares de 2008 se tiver garantia real de comercialização.

? O governo precisa garantir a compra ou pelo menos o EGF [Estoque do Governo Federal] na hora da colheita, não dois meses depois da colheita, porque aí a gente fica com a corda no pescoço e é obrigado a vender o produto barato ? diz o agricultor.

O Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria conclui na próxima semana o levantamento da intenção de plantio do cereal para esta safra. No ano passado, o Paraná plantou 1,150 milhão de hectares com trigo e colheu 3,2 milhões de toneladas ? mais da metade da produção nacional. Apesar da preocupação dos produtores, a secretaria estima um aumento da área.