Ritmo de inflação deverá ser menor em 2011, prevê economista da FGV

Procura por commodities também continuará forteDepois de atingir a maior taxa dos últimos seis anos, no fechamento de 2010, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) deve, gradualmente, diminuir o ritmo de alta. A análise foi feita nesta quarta, dia 29, pelo economista Salomão Quadros, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele explicou que a taxa acumulada dos últimos 12 meses (11,32%) resulta de um processo de recuperação, já que, em 2009, na média, ocorreu uma queda de 1,72%.

O IGP-M, usado como base para a renovação dos contratos de aluguel, em 2010 foi o maior desde 2004 quando a taxa havia apresentado alta de 12,41%. Segundo Quadros, o comportamento dos preços no atacado, em dezembro, sinaliza para uma acomodação porque a maioria dos produtos já atingiu o ajuste necessário.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que inclui as matérias-primas brutas, teve variação de 0,63%, em dezembro, ante 1,84% do mês anterior. E de 13,90% no ano, acumulado desde janeiro. Entre alguns itens deste subgrupo que mais subiram de preço este ano estão o algodão (110,58%), o minério de ferro (90,93%) e o milho (37,61%).

A procura por essas commodities deverá continuar forte, no ano que vem, prevê Quadros. Mas como a China, grande consumidora no mercado internacional, terá de tomar medidas para controlar a inflação, o economista acredita que isso diminuirá, momentaneamente, a pressão sobre as cotações.

? O mundo vai continuar volátil e a China deve desacelerar a sua economia ? disse o economista.

Ele afirmou ainda que pode ocorrer alguns sustos como elevações por questões climáticas. No entanto, o aumento forte não vai se repetir. Em 2009, por exemplo, a quebra de safra da cana-de-açúcar na Índia, implicou em alta dos preços do açúcar.

Em 2010, os principais reajustes com impactos inflacionários, conforme Salomão, foram identificados dentro do conjunto do Índice de Preços ao Consumidor: o filé-mignon (56,81%); o leite tipo longa vida (24,11%); a tarifa de ônibus urbano (11,47%) e os planos de saúde (5,77%).

Para Quadros, o único componente do IGP-M que ainda permanecerá sob pressão é o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), mas por conta da escassez da mão de obra. Em dezembro, o INCC atingiu 0,59% ante 0,36%, em novembro e, no ano, alta de 7,58%, bem acima de 2009 (3,22%). E só a mão de obra subiu 9,91% ou 2,29 pontos percentuais maiores do que no ano passado.