Rússia apresentará novas propostas para o mercado de carne do Brasil em agosto

País está em um processo interno de formulação de propostas para a questãoAs novas propostas da Rússia para o mercado de carnes, um dos principais pontos de interesse do Brasil, deverão ser conhecidas apenas a partir do próximo mês, segundo o chefe do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Cozendey. Na manhã desta sexta, dia 30, ele e mais outros técnicos de vários ministérios brasileiros participaram de uma teleconferência com autoridades russas para tratar de questões comerciais.

? A conversa foi para desempoeirar os temas, revisar pontos que estavam em aberto ? explicou Cozendey, lembrando que há cinco anos os dois países não atualizam a pauta de discussões.

De acordo com o chefe do departamento, os russos estão em um processo interno de formulação de propostas para a questão das carnes.

? Até o fim de agosto, elas devem ser apresentadas ao Brasil e devemos ter uma reunião mais substantiva apenas em setembro ? previu.

A Rússia, que é o maior importador mundial do produto, adotou um sistema de cotas de importação, que variam de acordo com o país fornecedor. Os produtos entregues dentro das cotas têm tarifas de importação reduzida. Já quando o volume é extrapolado, as taxas disparam levando a carne, muitas vezes, a chegar ao consumidor a um preço inviável.

Nesse sistema, o Brasil integra a rubrica “outros”, cuja cota deste ano foi fixada em apenas 35,4 mil toneladas – praticamente a metade do que já foi no passado. Por esse tipo de divisão, levam vantagem os Estados Unidos e os países da União Europeia, que possuem cotas específicas para si. A importação total de carnes pela Rússia é próxima de um milhão de toneladas por ano. Dados do Ministério da Agricultura revelam que, no primeiro semestre de 2010, a venda de carnes (de todos os tipos) para o país foi de 319 mil toneladas, o que representou um saldo de US$ 915,2 milhões. Esse montante significa um aumento de 18,77% na comparação com a primeira metade de 2009.

? O que o Brasil deseja é um regime único de tarifas ? enfatizou Cozendey, salientando que foi este o ponto apresentado durante a teleconferência.

A postura, de acordo com o chefe do departamento, é a mesma da apresentada pelo Brasil nos últimos cinco anos. Isso vale para frango e carnes bovina e suína.

Açúcar

Além das carnes, outro ponto que voltou à pauta foi a da comercialização de açúcar.

? Eles querem manter o que negociaram conosco em 2005, que é um esquema que define uma série de tarifas em função dos preços internacionais ? salientou.

De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil vendeu dois milhões de toneladas de açúcar para a Rússia nos primeiros seis meses deste ano. O negócio gerou US$ 950 milhões ao país, o que significou um aumento de 91,7% em relação ao mesmo período de 2009.

Subsídios

O Brasil também colocou na mesa um assunto mais delicado, que está relacionado à política agrícola do país.

? Pretendemos que reduzam para um nível mais baixo de concessão de subsídios, que subiu muito nos últimos anos ? considerou Cozendey.

Ele lembrou que a teleconferência entre os dois países foi realizada em um contexto de tentativa de ascensão russa à Organização Mundial do Comércio (OMC) até o fim do ano, tarefa que vem sendo buscada há 17 anos.