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USDA deve elevar projeções de área para soja e milho nos EUA

Segundo economista da Universidade de Illinois, seria uma surpresa se o USDA não estimar aumento nas áreas de milho e soja no relatório de junho

As atuais estimativas para a área plantada de soja e de milho nos Estados Unidos em 2021, divulgada em março pelo
Departamento de Agricultura norte-americano, o USDA, deverão ser revisadas para cima. “Eu ficaria muito surpreso se estes números não fossem elevados no levantamento de junho”, avaliou o economista da Universidade de Illinois, Scott Irwin, que concedeu entrevista coletiva virtual nesta quarta, 2, para jornalistas brasileiros.

No final de março, o USDA divulgou o seu tão esperado relatório de Intenção de Plantio, com números que  surpreenderam o mercado ao ficarem abaixo da estimativa, provocando forte elevação nos contratos futuros negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Na ocasião, o Departamento apontou área a ser plantada de 91,444 milhões de acres para o milho e de 87,6 milhões de acres para a soja.

Irwin, que também é diretor do Farmdoc, instituto da Universidade responsável pelas análises do mercado agrícola norte-americano, e seu colega Gary Schnitkey, também economista da área e professor da Universidade, concordam na perspectiva de aumento na projeção. Recente artigo divulgado pelo Farmdoc aponta um aumento de 500 mil acres para o milho, cobrindo cerca de 92 milhões de acres, e de 1 milhão para a soja, totalizando 88,6 milhões de
acres.

O USDA vai divulgar novos números no dia 30 de junho, data em que libera ao mercado o relatório de área plantada.

As lavouras americanas de soja e milho estão em fase final de plantio. Até 30 de maio, segundo o USDA, a semeadura era de 84%, acima da média para o período de 67%. Em relação ao milho, o plantio ocupa 95%, superando a média de 87% para os últimos cinco anos. Do total para o cereal, 76% das lavouras estão em boas a excelentes condições.

Preços da soja e milho

Mesmo com a perspectiva de área ainda maior e com o bom desenvolvimento das lavouras, os preços futuros em Chicago seguem em patamares elevados. A demanda chinesa e o aperto no quadro de oferta e demanda justificam a alta nas cotações.

“O atual nível dos preços surpreende. Mas o médio prazo a dúvida é saber se os preços continuarão elevados ou mais elevados”, projeta o diretor do Farmdoc, Scott Irwin, posição compartilhada pelo professor Gary Schnitkey. “Os preços das commodities estão muito altos. O produtor também enfrenta uma elevação no custo do dinheiro e dos insumos. A expectativa é de um ano positivo para os preços da soja e do milho”, completa.

Segundo o Irwin, os olhos do mercado se voltam agora para a questão do clima durante meses de junho e julho, decisivos para determinar o potencial produtivo das lavouras, e para o relatório do USDA no final desse mês.

Os economistas destacam ainda a perspectiva de firmeza na demanda interna nos Estados Unidos, tanto por parte do setor de carnes como para a fabricação de biocombustíveis. A perspectiva de um super ciclo de alta nos preços,
portanto, deverá persistir no curto e médio prazos.