Vazio da soja acaba, chuvas atrasam e plantio tem que esperar

Centro-Oeste, Matopiba e Sudeste só devem ter chuvas consideráveis em meados de novembro. No Paraná a perspectiva é em outubro. Produtores já disseram que irão segurar a semeadura

Daniel Popov, de São Paulo
Em boa parte das regiões produtoras de soja o vazio sanitário acaba nesta sexta-feira, dia 15 de setembro, e a corrida para plantar a oleaginosa começou. Alguns produtores do Centro-Oeste, mas apressadinhos, já queriam semear o solo nesta semana para antecipar a safra. Sem falar nos paranaenses que até conseguiram antecipar o fim do vazio em seu estado. Tudo em vão! As chuvas não vieram, os solos estão com pouca ou nenhuma umidade e a previsão é que os bons volumes de precipitações só virão mesmo em outubro, ainda assim com pouca intensidade.

Os mapas meteorológicos estão apontando para um começo de temporada complicado para todo o país, com poucas chuvas até outubro e somente em algumas regiões. Claro que a cada semana a coisa pode mudar, mas é importante não confiar em possibilidades, acabar plantando no pó e depois ter que refazer o trabalho em uma safra que promete baixa rentabilidade.

Abertura Nacional do Plantio da Soja 2017/2018

Segundo a meteorologista da Somar, Desirée Brandt, os mapas estão indicando que boa parte do país, incluindo Centro-Oeste, Sudeste, Paraná e Santa Catarina não terão chuvas significativas até pelo menos outubro. “Infelizmente as chuvas estão atrasando ainda mais e quando vierem terão muita irregularidade na maioria das regiões brasileiras”, diz.

Os casos mais graves são do Centro-Oeste e Matopiba (Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão) que verão chuvas significativas mesmo só em novembro. “Nestas regiões as precipitações começam em meados de outubro, mas com muita irregularidade. Os produtores têm que se atentar à umidade do solo, que está muito baixa”, afirma Brandt.

Segundo os mapas, o Centro-Oeste está com uma média de 10% de umidade no solo e com baixos volumes de chuvas a situação pode complicar. No Paraná o solo tem mais umidade, algo em torno de 50%, mas com a falta de chuvas prevista, a tendência é de redução dessa água no solo. “Boa parte do estado do Paraná está há mais de 30 dias sem uma boa chuva de pelo menos 10 milímetros. Para os próximos dias, por exemplo, em Toledo, há uma previsão de chuvas só no dia 23, mas algo muito pequeno e os volumes consideráveis só em outubro mesmo”, explica a meteorologista da Somar.

São Paulo

No estado de São Paulo os produtores estão atentos a este atraso, afirmou o presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-SP), Gustavo Chavaglia. “Vários grupos de produtores estão repassando estas informações e todos estão atentos”, diz ele. “Para boa parte do estado, plantio mesmo só a partir do dia 15 de outubro.”

Chavaglia explica que não são todas as regiões que seguirão esta data, afinal as regiões, Central , Centro-Sul e Sudoeste do estado, tem comportamento climático um pouco diferente do restante do estado. “Eles podem, dependendo do volume de chuvas e da reserva hídrica do solo, anteciparem o plantio”, finaliza.

Paraná

No Paraná, a expectativa de boa parte do estado é que o plantio realmente vai atrasar por conta desta perspectiva de falta de chuvas, afirmou o presidente da Aprosoja-PR, José Sismeiro. Ele acredita que os produtores só irão plantar quando as chuvas consistentes chegarem. “Por enquanto a previsão é de chuvas só em outubro e por isso indicamos que os produtores não se arrisquem a plantar antes disso. Se o clima mudar, os planos mudam, mas antes disso, sem chance”, garante.

O gerente da Cooperativa Integrada do Paraná, Jaime Viotto, diz que a expectativa dos produtores filiados a eles é de que alguns irão plantar até o começo de outubro e outros irão fazer isso depois. “Se o produtor plantar até início de outubro vai investir mais em tecnologias, mas se atrasar e passar de outubro aí vai investir menos”, afirma ele.

Mato Grosso

Em Mato Grosso a expectativa também é de atraso no plantio da soja, pelo menos em boa parte do Estado, garante o presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin. Ele conta que a falta de chuvas e umidade no solo está preocupando os produtores do estado e recomenda que eles aguardem um pouco para plantara. “Esta é uma safra com pouca rentabilidade e não podemos arriscar plantas no risco e não colher depois”, afirma.

Entretanto, ele acredita que neste mês de setembro já terão alguns produtores plantando soja, mesmo que no pó (quando a soja é semeada no solo sem umidade), afinal o plano destes é colher o quanto antes para entrar com o algodão. “Os produtores da região Oeste estão mais preocupados como algodão, então irão plantar logo, para entrar com esta outra cultura na sequencia”, conta Dalcin. “Mas, a recomendação geral é aguardar as chuvas mesmo.”

Veja abaixo as previsões realizadas pela Meteorologista da Somar, Desirée Brandt, durante o programa Mercado & Companhia:

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