Agronegócio

Boi gordo: entenda por que arroba recua no RS enquanto avança no restante do país

Preço no mercado gaúcho teve queda de 8% em um mês, enquanto em praças como a de São Paulo houve crescimento de 3% nas cotações no mesmo período

O preço do boi gordo no Rio Grande do Sul recuou 8% em 30 dias de acordo com a Scot Consultoria, passando de R$ 7,50 para R$ 6,90 o quilo. No mesmo período, em São Paulo, base Araçatuba, o preço avançou quase 3% e chegou na máxima do ano, cotado a R$ 222,5 por arroba. Para facilitar a comparação entre as duas praças, o valor no Rio Grande do Sul foi convertido para a proporção em arroba, considerando rendimento de 50% da carcaça. Dessa forma, a arroba no estado caiu de R$ 225 para R$ 207 no período.

No região Sul, a presença de pastagens de inverno é bastante superior à média nacional. Portanto, nesse período do ano, a oferta de boiadas permite aos frigoríficos locais alongar as escalas de abate sem dificuldade. Assim, há uma pressão pontual de baixa, mas que, de acordo com analistas consultados, deve ficar restrita à região Sul, enquanto que o cenário no Brasil central é de firmeza dos preços.

De acordo com o analista da Agrifatto Consultoria Yago Travagini, a disparidade de preços entre o Rio Grande do Sul e outras praças como São Paulo é comum. Segundo ele, a correlação entre as duas localidades é fraca, e o avanço em uma delas nem sempre é acompanhado pelo mesmo movimento na outra.

Tendência

Travagini avalia que os preços no mercado gaúcho já parecem estar encontrando um limite para queda, ou seja, um suporte no nível atual. Com isso, a oferta nessa praça, ainda que ligeiramente melhor , deve seguir restrita, mantendo o preço firme e sem grandes quedas até o fim do ano. De acordo com o analista, é possível até que as cotações avancem rumo a novos recordes caso a economia tenha recuperação melhor que a esperada no momento.

O analista projeta que o cenário de dificuldade dos frigoríficos em originar animais deve permanecer até pelo menos a virada de 2020 para 2021. Porém, a partir do ano que vem, a projeção é de estabilização dos preços e início das quedas em 2022, com a virada do ciclo da pecuária. Segundo Travagini, a retenção de fêmeas atualmente deve gerar oferta suficiente para aumento da oferta de animais nos próximos anos.