Agronegócio

ILPF fez produção leiteira aumentar 2,5 vezes em MG; Embrapa dá dicas

Em fazenda no Rio Grande do Sul, sistema também possibilitou melhorar desempenho dos terneiros, acelerar o ciclo dos animais e comercializá-los com 18 a 24 meses

Anitta critica produção de leite
Foto: MDA/Ascomite

Uma propriedade em Minas Gerais, após 10 anos de adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), conseguiu que a produção de leite diária aumentasse de 400 litros para 1 mil litros, crescendo duas vezes e meia. Já as experiências do produtor Cláudio Roberto da Silva, da Fazenda Santa Cândida, com o sistema integrado de produção se iniciaram em 2012, com o objetivo de melhorar o manejo da propriedade voltada ao cultivo de arroz irrigado e a engorda de gado.

Com pastagens bem manejadas no sistema, foi possível melhorar desempenho dos terneiros e acelerar o ciclo dos animais e comercializar animais com 18 a 24 meses, enquanto antes saiam apenas com 24 a 36 meses.

Essas e muitas outras experiências de sucesso relacionadas a sistemas integrados de produção estão no livro que a Embrapa acaba de lançar. A obra “Sistemas de Integração Lavoura–Pecuária–Floresta (ILPF) – Estratégias Regionais de Transferência de Tecnologia (TT), Avaliação de Adoção e de Impactos” foi produzido por 114 especialistas em ILPF e apresenta uma relevante diversidade de informações, a partir das experiências acumuladas nas últimas décadas e que apontam os sistemas ILPF, pecuária-floresta (IPF) e lavoura-pecuária (ILP) como estratégia chave para que milhões de hectares de pastagens degradadas sejam recuperados e renovados.

Em 14 capítulos, traz particularidades relevantes do sistema produtivo das regiões brasileiras e também demonstram a viabilidade técnica e econômica da ILPF nesses diferentes biomas, mostrando que são factíveis com a realidade das atividades agrícolas e pecuárias em todas essas regiões.

Estratégia produtiva e o futuro 

O Brasil é atualmente é o maior produtor mundial de carne bovina, com praticamente toda a produção brasileira tendo por base os pastos. Estima-se que o país possua 170 milhões de hectares de pastagens e que 50% dessa área encontram-se em algum estágio de degradação. A integração lavoura-pecuária é uma tecnologia oportuna para sanar os problemas referentes a pastagens ralas, com espaços descobertos, muitos cupinzeiros e plantas invasoras.

Mas, ao que tudo indica, na pegada deixada pelo boi de uma pecuária extensiva, que deixou solos degradados pelo manejo inadequado, estas áreas agora estão sendo ocupados pela agricultura, principalmente pela soja, cultura que apresentou maior avanço no país.

Como exemplo, segundo o Censo Agropecuário 2017, foi constatado que as áreas de soja cresceram 339,1% na região Norte e 83% no Centro-Oeste. Nesse contexto a integração produtiva, sobretudo a ILP, tem contribuído consideravelmente na reforma das pastagens e, em conjunto, tem viabilizado uma maior lotação de animais nas propriedades.

Com a atividade agrícola em expansão na região Norte, explorando principalmente as áreas de pastagens degradadas, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta vão se tornando a estratégia de contribuição para a sustentabilidade e aumento da produção da atividade agropecuária.

Para o pesquisador Flávio Wruck, da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop–MT), a adoção dos sistemas integrados de produção agropecuária tende a experimentar um crescimento substancial em todo o país. Um exemplo é o estado de Mato Grosso, onde prevê crescimento em ritmo constante nos próximos dez anos, sobretudo da ILP.

“Deve continuar aumentando na taxa que cresce atualmente. Há regiões, como o sudoeste do estado, que é tradicionalmente área de pecuária, em que a lavoura está vindo com tudo, por meio da ILP. O potencial de crescimento é muito grande”, afirma.

Os sistemas com uso de árvores, principalmente os silvipastoris, também têm cenário favorável com a demanda de biomassa para atender ao complexo industrial de etanol de milho.

“Temos de aguardar mais um ou dois anos para ter uma ideia se isso vai pegar ou não. Se pegar, temos boa chance de isso deslanchar. Se não pegar, acredito que vamos ficar nesse patamar de 5% a 10% da área total integrada”, prevê.